CRÍTICA: BATMAN de Matt Reeves

“Entre erros e acertos, o novo Batman funciona e é promissor…”

A primeira coisa que devemos deixar claro, e o que diferencia o novo Batman de suas encarnações anteriores é justamente o fato de que este é um filme do personagem criado por Bob Kane e Bill Finger, uma síntese perfeita de seus mais de 80 anos de existência. É um detalhe importante de se salientar, até porque os melhores filmes do personagem, meio que se sustentavam nos vilões, se no melhor deles, O Cavaleiro das Trevas, Heath Ledger nos entregou simplesmente “O Coringa” a ponto de ganhar um Oscar Póstumo, os mais emblemáticos da fase Tim Burton Batman e Batman o Retorno, não escondiam o fetiche pela galeria de vilões e vamos de o Coringa de Jack Nicholson, o Pinguim de Danny de Vitto ou a Mulher Gato de Michelle Pfifer, portanto, os fãs sempre ansiaram por um filme do Herói, ou focado em suas nuances!

E eis que, até o presente momento, Pattison é sem dúvidas o Batman definitivo! Ou seja: estamos diante de uma obra focada no personagem, até que enfim.

Quem leu a HQ Batman: O impostor, obra visceral escrita por Peter Craig, um dos roteiristas do filme, pode esperar justamente o que na referida história parecia sobrar, pés no chão, a psique do personagem explorada ao extremo, crueza e psicopatia em todo canto!

Para quem acompanha os filmes tradicionais de super heróis, talvez possa estranhar o tom mais lento, investigativo e de suspense do longa, mas algum tempo de projeção e imersão, são o suficiente para entendermos as nuances desta nova encarnação. Saem as cenas de ação alucinantes e perseguições, e entram brigas de rua com algum Krav Magá, tira-se o foco narrativo em contar histórias de origens de todos, e segue-se o caminho de uma grande trama detetivesca, onde vemos enfim o Homem Morcego fazendo jus a sua alcunha de o Melhor Detetive do Mundo.

O roteiro escrito a três mãos por: Matt Reeves, Peter Craig e Mattson Tomlin acerta muito, erra muito, não tem medo de arriscar e respeita o material fonte como há muito não se via, dando tempo de tela o suficiente para entendermos a espinha dorsal do que deve manter a franquia viva por alguns filmes. Jim Gordon (Jeffrey Wright) está perfeito, é uma âncora, Alfred Pennyworth (Andy Serkis) é uma encarnação com uma personalidade mais ativa e carismática, Selina Kyle (Zoë Kravitz) está estonteante, a ponto de dar vontade de ignorar a patacoada de colocarem a Anne Hathaway no ultimo filme da trilogia de Nolan, Pinguim (Colin Farrel) está sendo construído de forma soberba e a interpretação é gigante, Carmine Falcone (John Turturro) está no automático, pois ali é um espaço de manobra que ele conhece bem, O Charada (Paul Dano) tem momentos de brilhantismo, além do sensacional elenco de apoio e o próprio Pattison como já citado. Logo, outro grande acerto é o Casting!

A trama acompanha uma verdadeira teia de acontecimentos que envolvem um serial killer chamado Charada, que começa a matar diversos figurões da cidade e acua até mesmo a Policia e a Máfia. Batman começa uma investigação para prender o assassino, ao mesmo tempo que tenta conter os crimes que só aumentam na cidade, a corrupção e um sistema que parece ser impossível de ser derrotado. Paralelo a isso, segredos de sua própria família, podem vir à tona!

Talvez a estrutura narrativa da perseguição ao serial killer e seu grande mistério, contenham falhas que o texto tente a todo o tempo corrigir com bons diálogos, e com a direção, que aposta em boas interpretações e plot twists, principalmente nos 40 minutos finais. Ao todo segura, mas não dá tempo de desenvolvermos qualquer simpatia pelas vítimas ou mesmo pelo vilão. Entramos de cabeça em um universo em que tudo já está acontecendo, o Batman já está ali há dois anos, aposta-se pouco em didatismos baratos e bastante em mise en scene  para dar uma profundidade, a algo que, se não fosse tão bem trabalhado, a ponto de justificar suas três horas, se perderia com o excesso de acontecimentos e pretensões artísticas, o que não é o caso, portanto o filme é muito competente em estabelecer tudo sem soar excessivo ou que algo esteja faltando.

Cenas de ação são comedidas, e o destaque para a do Batmóvel é bem justificável, é onde entra todo o talento de Matt Reeves em engendrar tudo de um jeito orgânico, como fez em Cloverfield e na franquia Planeta dos Macacos, é um diretor que entende o material que trabalha, mas só o explora em favor da história.

Um filme do Batman empolgante, como não víamos há um bom tempo e que tem a função de nos mostrar que queremos mais e claro, de preferência com Robert Pattison e Reeves no comando. Por isso, o futuro do Homem Morcego, nas telonas, é promissor!

Nota 9 de 10

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