Pagamento pode até ser feito com criptomoedas, como o Bitcoin
A crise com o alto custo de vida no Reino Unido tem feito algumas mães apelarem para ter mais renda. Segundo uma reportagem do Daily Mail, muitas delas estão vendendo o próprio leite materno para homens na internet. O público masculino adulto chega a pagar 76 libras, o equivalente a quase R$ 480, por litro. O produto é anunciado como “ouro líquido” e o pagamento pode ser feito até em criptomoedas, como o Bitcoin.
Algumas das grávidas e mães recentes têm fotos de seus bebês no perfil. Em um dos sites, chamado Only the Breast, uma mulher que se identifica como Robyn, de Derbyshire, na Inglaterra, anunciou “leite de boa qualidade” por 28 libras (o equivalente a R$ 175), o litro. Ao lado, ela colocou uma foto dos próprios seios.
A mulher disse ao jornal britânico que um homem queria comprar o leite direto do seio, ou seja, ele propôs que ela o amamentasse. “Fico feliz em vender meu leite materno para os homens, desde que eles não queiram direto do estoque”, disse ela. “Muitos homens já alegaram que queriam o leite por ‘questões de saúde’, mas, no final das contas, eles queriam fotos dos meus seios para acompanhar”, relata. Robyn disse que agora vende, principalmente, para um banco de leite privado, só para não jogar a sobra fora.
Outra mulher, Harriet, de Westbury em Wiltshire, vende o litro de leite materno por R$ 200. “Garota loira saudável vende leite materno”, escreveu ela, no anúncio. Ela se descreveu e disse que tem apenas 21 anos e está “livre de doenças e de álcool”. Ela também acrescentou: “disposta a vender para homens também”.
Shie999, no sul do País de Gales, se descreveu como uma “jovem mãe loira”, que ficava “feliz em vender para os homens”. Ela postou uma foto de si mesma e de uma geladeira transbordando de leite materno, que ela vende por R$ 237, o litro.
Sam, uma mãe chinesa, que vive no sul do País de Gales, vendia seu leite por R$ 356, o litro, para “pessoas que desejam comprar para uso alternativo/homens”.
Stacey, de Birmingham, chegou a anunciar aos homens o fato de que seu leite, com preços disponíveis apenas mediante solicitação, era livre de vacina contra covid-19.
Um dos compradores, com o usuário chamado “FoxMuscles”, assegurou às mulheres que ele estava apenas procurando por um novo suprimento para fins de condicionamento físico e saúde. “Estou procurando um suprimento de leite fresco na área de Londres, mas posso me deslocar se você estiver por perto para eu manter a forma e a saúde, todas as vendas são profissionais e respeitáveis”, disse ele.
Alguns usuários das redes sociais acreditam que o leite materno ajuda na construção de músculos. Para eles, se os bebês conseguem ganhar massa tão rapidamente, o alimento deve ajudar também os adultos com esse objetivo. A informação, contudo, é um mito e não há comprovação científica que a embase. Na verdade, os especialistas desaconselham o uso adulto e, sobretudo, o comércio. Além de poder ser adulterado ou armazenado incorretamente, trata-se de um fluido corporal de uma pessoa desconhecida, capaz de transmitir doenças, como hepatite, HIV e sífilis, por exemplo.
Em vez de comercializar, profissionais de saúde orientam mulheres com excesso de produção de leite a doar para os bancos de leite. Assim, bebês de mães que, por alguma razão, não conseguem amamentar, podem receber o alimento, de maneira segura.
Os riscos do comércio de leite materno
Comprar leite materno pela internet pode ser perigoso, já que não é possível garantir qual a procedência do leite comercializado nem de que forma ele foi manejado. “Existem diversos riscos: de infecção, da ingestão de um alimento vencido, por exemplo. O leite vendido pela internet não passa por nenhum tipo de teste”, explica o pediatra Moises Chencinski, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Não há registro sobre o estado de saúde das mães, nem sob quais condições a ordenha foi feita e nem se o alimento ficou refrigerado e armazenado como deveria. Não é possível nem mesmo garantir que o leite é realmente humano. O comércio de leite materno é proibido no Brasil.