Professora Jaqueline (União Brasil) revelou ter descoberto que o marido, Rafael Barreto, armava um suposto plano para matar o vereador Emerson Camargo, para que ela assumisse o lugar do político na Câmara. Ela afirma ter sido ameaçada por Barreto. O suspeito nega as acusações.
Jaqueline de Carvalho Barreto, mais conhecida como Professora Jaqueline (União Brasil), que acusou o próprio marido de planejar matar o vereador Emerson Camargo dos Santos (União Brasil) para que ela assumisse o lugar na Câmara, alega ter sido ameaçada pelo esposo. O caso aconteceu em Praia Grande.. Foi apurado, nesta quarta-feira (25), que a Justiça determinou uma medida protetiva que obriga o homem a manter 300 metros de distância da mulher.
Jaqueline revelou ter descoberto que o marido, Rafael Barreto, armava um suposto plano para matar Emerson Camargo. O homem negou as acusações e afirmou ter sido vítima de armação. Rafael e Jaqueline estiveram juntos por 12 anos.
Em entrevista, a mulher afirmou que, durante todo o relacionamento, foi vítima de agressões físicas e psicológicas por parte do marido. Ela registrou um Boletim de Ocorrência (BO) contra ele por ameaça de morte na Delegacia de Defesa da Mulher de Praia Grande (SP).
“Ele falava que, se eu me separasse dele, poderia acontecer alguma coisa com o meu filho”, desabafou Jaqueline. “Eu precisava de provas [para mostrar o ‘plano’ de matar o vereador], pois como ele mesmo fala, eu não sou nada, e ele tem nome na cidade”.
Após as denúncias, a 1ª Vara Criminal de Praia Grande determinou uma medida protetiva, que proíbe Rafael de se aproximar ou manter contato, seja ele direto ou indireto, com Jaqueline e os familiares dela. A distância mínima do homem para a mulher, conforme decisão judicial, é de 300 metros.
Suspeito
Procurado Rafael Barreto, que negou as acusações. Segundo ele, a mulher teria tramado isso ao desconfiar de uma traição. “Acredito que foi por uma briga extraconjugal, (o desentendimento) foi agora em março, até chegar a esse ponto, dessa calúnia. Uma mulher magoada e ferida faz qualquer coisa, isso eu entendo”, afirma.
Quanto ao vereador, Barreto afirma que nunca teve nenhum contato com ele. “Se eu ameacei ele hoje, ontem, há um ano, dois anos atrás, ele tem que ter um boletim de ocorrência, ele tem que ter alguma coisa contra minha pessoa. Nunca falei com ele, nunca dirigi a palavra à pessoa dele”, conclui.
O caso
Com o acesso aos boletins de ocorrência registrados na última semana. Um dos documentos, registrado pelo vereador, detalha que Rafael Barreto – marido da suplente – estaria tramando o crime com um amigo que é policial militar. Os dois teriam contratado um assassino de São Vicente e entregue a ele uma arma de fogo.
A intenção seria de que, com a morte do vereador, a professora Jaqueline assumisse seu lugar no gabinete. O marido teria mencionado que, ao assumir o cargo, ela teria um gabinete gerando R$ 45 mil por mês em verbas. Ainda conforme a denúncia, a esposa do amigo policial seria contratada como chefe do gabinete, como forma de premiação ao PM por ajudar no assassinato.
Em entrevista para o g1, o vereador Emerson Camargo dos Santos disse que Barreto estaria planejando o crime desde 2021. “Meu chefe de gabinete – que é policial militar aposentado – recebeu uma ligação de uma pessoa de São Vicente que falou que não era para ele sair de perto de mim, porque estavam tramando para me matar. Isso em 2021, com seis meses de mandato”
Como na época não tinha provas, o vereador contou que não registrou boletim de ocorrência, mas que, desde então, passou a andar com dois seguranças. No último dia 13, ele conta que Jaqueline entrou em contato com ele denunciando o marido. “Ela me chamou e disse que precisava falar comigo urgente. Foi quando contou o que ele estava arquitetando e me mostrou os áudios”
Áudio:
Na gravação feita por Jaqueline, é possível ouvir ela e o marido discutindo. Ela chega a falar que prefere viver com o salário de professora, do que tirar a vida de alguém. Na sequência, Jaqueline ainda ironiza, dizendo que depois não adianta ir à igreja. Ele rebate: “A gente faz o bagulho, depois tem que pedir perdão”.
Quanto ao motivo no crime, na gravação Barreto afirmaria: “Alguém que não presta, fala mal de mim, fala mal de tu… Foda-se também, não quero saber dele não, quem vai, vai. Já era, pronto, acabou”
Jaqueline ainda rebate dizendo que ela seria a primeira suspeita, já que assumiria o lugar dele como suplente. Ele então teria dito, segundo os áudios: “Tem alguma coisa no seu telefone? Não tem nada no meu. Onde não tem prova, não tem crime.”
De acordo com o advogado da suplente, Fábio Luiz dos Santos, depois das gravações ela conseguiu denunciar o caso e saiu de casa por medo. “Consegui a medida protetiva, que se estendeu aos familiares (dela), porque a preocupação era com o filho”, afirma.
Dois boletins de ocorrência foram registrados na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, o do vereador como ameaça e o da suplente como violência doméstica. O caso segue em investigação.
Eleições 2020
O vereador Emerson Camargo foi eleito em 2020 com 1.043 votos, alcançando a 18ª posição dos candidatos eleitos. A Professora Jaqueline é sua suplente, pois ela foi a segunda candidata mais votada do seu partido, o União Brasil. Ela recebeu 867 dos votos.
Essa foi a primeira vez que o vereador Emerson concorreu e foi eleito à um cargo político na cidade. Antes ele atuava no setor portuário. Ele é casado e tem um filho.