Caso aconteceu em Mongaguá (SP) e terminou com dez pessoas feridas. Andrea Mendes Salvino disse que agiu para se defender.
A mãe de santo [figura central dentro de um terreiro ou Casa Espiritual] acusada de agredir uma ex-filha de santo em um mercado em Mongaguá, disse que o desentendimento foi motivado por uma dívida. Andrea Mendes Salvino, de 46 anos, garantiu, nesta quarta-feira (16), que as agressões foram uma defesa, pois a família da mulher estava com canivete e pedaços de madeira.
A briga generalizada envolveu filhos de santo de Andrea e deixou dez pessoas feridas no domingo (13), em frente ao Mercadão Atacadista, localizado na Avenida Monteiro Lobato, na Vila Atlântica. O caso foi atendido pela Polícia Militar (PM) e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a confusão foi registrada por moradores que estavam no local (veja o vídeo acima).
Andrea contou que conheceu a mulher no barracão [onde acontece os rituais religiosos] e a acolheu com problemas pessoais e financeiros. “Ela tem uma mãe acamada e contou uma história que a aposentadoria dela tinha sido bloqueada”, explicou. A mulher pediu para Andrea cerca de R$ 1 mil, que fez um empréstimo para atender ao pedido dela.
Segundo um comprovante apresentado à reportagem, Andrea repassou o valor em 16 de fevereiro, com a condição de que o dinheiro fosse devolvido com R$ 300 de juros no mês seguinte. No entanto, isso nunca aconteceu e Andrea vêm pagando os juros da dívida.
De acordo com ela, a mulher também pedia – e recebia – pequenas quantias de dinheiro frequentemente, mas passou a criar situações dentro do espaço religioso e foi convidada a se retirar do terreiro. Desde então, elas não tiveram mais contato até se reencontrarem no mercado no domingo de Dia dos Pais.
“Ela olhou pra mim, muito cínica e falou assim: ‘bençã mãe’. Aí eu disse: ‘Não me peça bênção. Por favor, só me pague o que você me deve’. E ela começou a surtar dentro do mercado”, relembrou.
Segundo a líder religiosa, a mulher gritou, disse que estava sendo agredida, chamou o segurança e ligou para a polícia e para o filho. “Começou a bater nos vidros. O segurança chegou e viu que hora nenhuma eu falei nada para ela”, ressaltou Andrea, que estava acompanhada da filha biológica Gabrielly Salvino, de 19 anos.
A jovem disse que as acusações contra a mãe deveriam ser provadas, pois o mercado tinha câmeras de monitoramento. Desta forma, uma discussão teve início e um carrinho de compras foi empurrado contra Andrea, que foi protegida por Gabrielly.
“Começou as duas a se embolar e o segurança separou. Eu continuei fazendo a minha compra”, afirmou Andrea, dizendo que pediu para a filha não dar mais atenção ao caso .
Filhos de santo
Os filhos de santo de Andrea chegaram ao mercado, pois tinham combinado de buscar a mãe no estabelecimento para uma celebração de Dia dos Pais no barracão. “Ninguém foi lá para brigar”, garantiu a líder religiosa. Ela contou que eles apenas questionaram o que tinha acontecido, pois notaram a movimentação.
Apesar de Andrea dizer que nada tinha ocorrido e tentar não dar atenção para a ex-filha de santo, ela viu o marido da mulher com um pedaço de madeira e o filho com um canivete. A líder religiosa chegou a questionar o motivo do objeto na mão do homem e ele disse que a esposa estaria sendo agredida. “Eu falei que não tinha ninguém batendo”, afirmou.
A mãe de santo foi chamar os filhos para irem embora, quando foi abordada pela mulher. “Ela olhou para minha cara, por trás do segurança, e falou assim: ‘vagabunda’, naquele tom sarcástico. Aí eu não aguentei, perdi a paciência”. Andrea confessou que partiu para agressão e, ao se desvencilhar da mulher, notou que a confusão foi generalizada.
A PM chegou ao local e ouviu da ex-filha de santo que ela foi agredida porque Andrea não aceitou sua saída do terreiro. A mãe de santo disse que a intenção nunca foi brigar e desmentiu a versão.
“Nós somos livres, somos uma religião que prega amor. […] Reconheço que eu errei porque eu perdi a paciência, mas eu estou aguentando isso há meses”
Segundo ela, foi um ato de defesa. “Foi uma ação da carne, eu peço perdão, porém não foi programado. Foi um ato de defesa”, finalizou Andrea, dizendo que é figura pública na cidade e possui mais de 50 filhos de santo.
A Polícia Civil identificou os envolvidos, que foram intimados para prestar esclarecimentos na delegacia. Na ocasião, a confusão foi registrada pela Polícia Militar.
Procurada pela reportagem, a ex-filha de santo informou que irá se pronunciar em breve.