Hillary Souza Valadares foi vítima de bala perdida em 2019. Avó da criança diz que ainda não se sente aliviada e lutará para que ele pague pelo que fez.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Luis de Farias Pacheco, o policial militar responsável pelo disparo que acertou e matou a menina Hillary Souza Valadares, de apenas 2 anos, em Peruíbe, no litoral de São Paulo. A avó da criança contou, nesta terça-feira (19), que ainda não se sente aliviada e lutará até o fim para que ele pague pelo que fez.
A menina morreu ao ser atingida na cabeça durante uma perseguição policial em fevereiro de 2019. No ano seguinte, o caso chegou a ser arquivado pelo Ministério Público e a família precisou pagar um perito particular para reconstituir o caso e conseguir que fosse desarquivado. A perícia apontou que o disparo que atingiu a menina teria partido do carro conduzido pelo policial militar, que perseguia criminosos.
A denúncia foi feita pelo promotor de Justiça Danilo Keiti Goto nesta segunda-feira (18). Caso seja aceita nos moldes propostos, Luis de Farias responderá por homicídio qualificado por perigo comum.
“Eu não consigo dizer que estou aliviada, ainda não. Amenizou um pouquinho a ansiedade em relação às tomadas de decisão do judiciário”, disse a avó da criança, Valdira Valares.
Valdira diz que continuo com raiva, atenta e com garra para “fazer valer aquilo que a gente chama de Justiça”. Para ela, ela diz que um profissional que atua na segurança pública precisa ser responsável e inteligência emocional para atuar na sociedade. “Esse indivíduo tratado como militar arrancou os olhinhos da minha neta numa bala de uma arma do Estado”
Valdira explicou que os familiares aguardam um desfecho favorável do caso. “Precisamos tirar das ruas e não pagar salários para um criminoso”, afirmou. “Esperar que esse moço [Luis] seja destituído das funções dele, que não use farda e não tenha mais atitudes como essa”.
De acordo com a Polícia Militar (PM), foi instaurado um inquérito policial pelo 29º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM/I), local dos fatos. No entanto, Luis de Farias Pacheco foi apresentado no presídio militar Romão Gomes em maio deste ano devido ao desdobramento de outra ocorrência envolvendo o agente. O mandado de prisão foi expedido pela 1º Vara do Foro de Miracatu. Foi instaurado ainda um Conselho de Disciplina em âmbito interno. A reportagem não localizou o advogado de defesa dele até a publicação desta reportagem.
Criança de dois anos foi atingida por bala perdida durante perseguição em Peruíbe (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Caso Hillary
O caso ocorreu durante uma perseguição policial após um assalto, na noite do dia 12 de fevereiro de 2019. Pelo menos dois homens abordaram uma mulher na porta de uma residência em Peruíbe. Eles fugiram com o carro da vítima e, em seguida, o marido dela pegou a moto e foi atrás dos bandidos.
No caminho, o marido da vítima pediu ajuda ao motorista de um carro que, por coincidência, era um policial militar à paisana. Ele saiu com o próprio veículo atrás dos bandidos e, no cruzamento das ruas Marília e Padre Vitalino, foi iniciada uma troca de tiros.
A família de Hillary tinha acabado de fazer compras em um supermercado e, segundo o delegado de Peruíbe, Edmilson Mota, o pai parou o carro na rua para fazer algumas anotações, sem perceber que estava próximo ao local onde ocorria a troca de tiros.
Uma das balas entrou pelo para-brisa do carro da família, perfurou o banco dianteiro e atingiu a cabeça da criança, que estava no banco traseiro com a mãe. O pai socorreu a menina e a levou para a UPA da cidade.
O veículo roubado caiu em uma vala, e um dos bandidos conseguiu fugir por uma região de mata. O outro, de 19 anos, foi atingido por um dos disparos e morreu. A menina foi transferida para a Santa Casa de Santos e chegou a ser internada, mas morreu no dia 15 de fevereiro.