Acidente foi determinante para que André Marins Salgueiro, de 44 anos, começasse a tampar buracos nas ruas de Santos (SP).
Um vídeo de um gerente comercial tampando buraco no Canal 3 em Santos, no litoral de São Paulo, viralizou nas redes sociais nas últimas horas. Nesta quinta-feira (5), André Marins Salgueiro, de 44 anos, contou que criou o projeto ‘Tampa Buracos’ após ter fraturado a clavícula ao cair em um, há 1 ano, enquanto pedalava.
Imagens obtidas mostram a ação realizada pelo ‘Caçador de Buracos’ e pelos amigos Lucas Lawant e Lucas Pereira. Mesmo com trânsito, eles não desistem de tampar o buraco. “A gente chegou aqui no buraco, mas já já esse aqui, que é mortal, não vai mais atrapalhar a vida de ninguém” (veja acima).
O acidente que André sofreu enquanto treinava ciclismo, na Ponta da Praia, foi o pontapé para exercer a cidadania e evitar que outras pessoas se ferissem da mesma forma. “Falei que quando me recuperasse, todo buraco que achasse e fosse possível tampar, eu tamparia porque todo buraco é ofensivo ao motociclista, ciclista, motorista e pedestre”.
Nos últimos dois meses, ele começou a planejar o projeto com a ajuda dos amigos, e há um mês passou a tampar os buracos de forma experimental. “Muito na raça, fomos aprender com especialistas de pavimentação em Atibaia. Essa empresa nos deu suporte científico para dizer como a gente deveria fazer e chegamos a um denominador comum”.
Ao todo, quatro buracos já foram tampados, mas o grupo pretende acabar com aproximadamente dois por semana. “Por que tampa e não tapa? Porque a gente espera que [alguém] destampe e feche de vez (…) a gente quer simplesmente ir lá na hora e sanar o buraco”.
André e dois amigos participam de projeto ‘Tampa Buracos’ para cobrir as crateras abertas nas ruas de Santos, SP — Foto: Arquivo Pessoal e Reprodução
O gerente comercial frisou que o objetivo do projeto não é entrar em confronto com ninguém, apenas cuidar do bem-estar da população. “A gente não quer nenhum tipo de confronto, nem apontar na cara de ninguém, nem da sociedade e nem dos representantes governamentais”.
André explicou que todo buraco pequeno pode transformar-se em uma grande erosão. “Enquanto a gente puder e tiver força, até porque é do [nosso] bolso, a gente vai lá, separa um dinheirinho e compra o asfalto”. Segundo ele, um pacote de 15 kg custa em média R$ 38, mas é difícil encontrar.
“Fica bom e compacta bem. Se souber fazer, evita que muita gente tenha problema com os riscos que os buracos fazem as pessoas passar”, disse.
Após tampar o buraco, o grupo volta para acompanhar a durabilidade do trabalho. Segundo ele, a parte mais difícil é realizar a ação em ruas movimentadas. “Temos que realizar de madrugada e atrapalha demais a vida da gente […], mas somos entusiastas de projetos do bem”.
Andre tampa buraco pelas ruas de Santos com objetivo de evitar que as pessoas se acidentem neles — Foto: Reprodução
O que diz a prefeitura?
Em nota, a Prefeitura de Santos informou que os buracos aparecem por conta do desgaste natural, infiltrações ou grande quantidade de águas pluviais aliada ao impacto provocado pelo peso dos veículos, como ônibus e caminhões.
O reparo no pavimento exige técnica e cuidados prévios para que a situação não seja maximizada pela exposição da integridade física do cidadão que eventualmente se arrisque na pista para amenizar o problema.
Segundo a administração municipal, o artigo 95 do Código Brasileiro de Trânsito estabelece que nenhuma obra que possa perturbar ou interromper a livre circulação de veículos e pedestres, ou colocar em risco sua segurança, seja iniciada sem permissão prévia do órgão de trânsito.
A prefeitura esclareceu, ainda, que o mapeamento dos buracos é feito por equipes técnicas e que as vistorias atendem denúncias e solicitações de munícipes via Ouvidoria, sendo que mais de 3,4 mil atendimentos foram realizados neste ano.
André fraturou a clavícula após cair em um buraco na Ponta da Praia, em Santos, e resolveu cobrir outros para evitar acidentes — Foto: Arquivo Pessoal e Reprodução