Plano do governo prevê criação de corredor humanitário em território egípcio para deslocar 22 brasileiros na Faixa de Gaza. Voo em aeronave cedida pela Presidência não estava previsto em cronograma divulgado pela FAB.
Uma aeronave da Presidência da República decolou na tarde desta quinta-feira (12), em Brasília, para a operação de resgate de brasileiros em Gaza. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o avião tem capacidade para até 40 passageiros.
O avião modelo VC-2 fará uma parada técnica em Cabo Verde. Em seguida, por volta das 11h (horário de Brasília) desta sexta (13), pousará em Roma, na Itália.
A aeronave permanecerá na capital italiana até obter autorização para prosseguir ao Egito. A aeronave é a primeira disponibilizada pelo governo para a repatriação de nacionais que estão na Faixa de Gaza — território palestino na fronteira com o Egito e Israel.
O Escritório de Representação do Brasil em Ramala, cidade da Cisjordânia onde fica a sede da Autoridade Palestina, ainda aguarda a formação de um corredor humanitário, em território do Egito, para retirar brasileiros de Gaza.
22 brasileiros em Gaza já solicitaram repatriação. Segundo a representação diplomática brasileira na Palestina, 13 brasileiros estão em uma escola católica na Faixa de Gaza que está sendo utilizada como abrigo.
Avião presidencial decola de Brasília para buscar brasileiros que estão em Gaza — Foto: Reprodução
A FAB informou que o acionamento da aeronave ocorreu em “caráter de urgência” durante a tarde desta quinta.
Apesar de ter sido elencado como apto para missão, o avião cedido pelo Planalto não constou do cronograma inicial de voos disponibilizado pela Força Aérea no início desta semana.
De acordo com a FAB, os aviões VC-2 são utilizados em missões de transporte especial. Em 2020, no início da crise da Covid-19, o modelo foi utilizado na repatriação de brasileiros na China.
Plano do governo
O plano do governo para a retirada de brasileiros na área de conflito é conduzi-los para fora de Gaza por meio da fronteira com o Egito.
O caminho levaria até a capital, Cairo, onde um avião estaria esperando os passageiros. O Ministério das Relações Exteriores já contratou um ônibus para o transporte do grupo.
“O governo brasileiro está focado no resgate dos civis brasileiros que estão nas áreas de conflito entre Israel e Palestina. A criação de corredores humanitários é a prioridade para que mais civis possam sair em segurança da região”, escreveu o governo em uma rede social.
Em nota divulgada nesta quinta, o Planalto afirmou que tem trabalhado para “reunir toda a documentação dos brasileiros e dos veículos que seriam usados na operação”.
A etapa é importante, segundo o governo, para “garantir a segurança do deslocamento até a fronteira e informar autoridades egípcias, palestinas e israelenses o dia e o horário em que o ônibus faria esse trajeto”.
Gaza tem sido alvo de bombardeios de Israel desde o fim de semana, como reação ao ataque do grupo terrorista Hamas em território israelense.
A Faixa de Gaza, controlada pelo grupo terrorista Hamas, vem sendo alvo de bombardeios por parte de Israel, uma resposta ao ataque-surpresa feito pelo Hamas contra o território israelense no último sábado (7).
O conflito, que entrou no sexto dia nesta quinta, deixou ao menos 1,3 mil israelenses mortos. Em Gaza, até o momento, 1.354 mortes foram confirmadas.
Brasileiros em Israel
Até esta quinta, dois grupos de brasileiros já foram repatriados em voos da FAB. Um terceiro chegará ao Brasil na madrugada desta sexta (13), em Recife e no Rio de Janeiro.
Ao todo, segundo o Planalto, 494 brasileiros já foram resgatados, somando os dois voos que já aterrissaram no Brasil e o que está em deslocamento.
O Itamaraty afirmou, na última quarta (11), que mais de 2,7 mil pessoas já entraram em contato com as representações diplomáticas brasileiras em Israel e na Palestina. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o número não significa que todos solicitaram repatriação.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que os candidatos à repatriação estão sendo “acomodados conforme critérios de prioridade”.
“[A pasta] reitera a orientação no sentido de todos os nacionais que possuam passagens aéreas, ou condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do aeroporto Ben-Gurion”, diz nota divulgada nesta quinta.
O que aconteceu até agora?
▶️ Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa de Gaza, de onde Hamas lançou 5 mil foguetes.
Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país.
Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.
▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação.
“Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque.
“O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.”
Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.
▶️ Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indicava, na manhã desta terça-feira, que mais de 1.600 pessoas morreram. Mais de 900 foram em Israel. O Ministério da Saúde de Gaza informou ter registrado 770 mortes de palestinos.
▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É o território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.
Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km². Para se ter uma ideia desse tamanho em comparação com cidades brasileiras, o território é um pouco maior que o da cidade de Fortaleza (312.4 km²) e menor que o de Curitiba (434,8 km²).
Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.
▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes.
Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.