Evelyn Baccilieri Isidoro precisa fazer uma histerectomia, isto é, a retirada do útero. Caso ocorre em Itanhaém, no litoral de São Paulo.
Uma mulher, de 31 anos, descobriu há dois meses um câncer em estágio 2 no útero — quando está mais avançado. Mãe de três meninas, Evelyn Baccilieri Isidoro contou, nesta quinta-feira (30), que o médico indicou a cirurgia de retirada do órgão com urgência. Ao tentar agendar o procedimento em uma unidade de saúde de Itanhaém, no litoral de São Paulo, onde mora, foi orientada a procurar uma clínica particular pois a fila de espera pode chegar a dois anos.
Sem recursos, Evelyn disse viver um drama desde a descoberta da doença. Ela contou se sentir como uma ‘bola de boliche’, empurrada de um lado a outro pelo setor da saúde de Itanhaém, sem que ninguém dê resolução ao caso.
“Passei no postinho [ Unidade de Saúde da Família do Jardim Coronel] e eles me encaminharam para Santos. Disseram: ‘Olha, procura outra coisa, porque vai demorar muito para você aqui. Se você tiver algum cartão, porque o SUS vai demorar muito tempo para você. Foi o conselho que me deram”, disse.
A mulher contou que a barriga dela está inchada, que sente dores diariamente, náuseas e costuma vomitar. “Ele [o médico] falou que eu tinha que fazer essa cirurgia, senão o meu problema ia agravar”.
Ao mesmo tempo em que usa o Sistema Único de Saúde (SUS), a mulher informou pagar por um serviço popular que garante benefícios e descontos na área da saúde. Foi dessa forma que passou por consulta com uma ginecologista, fez a biópsia e foi atendida por um médico cirurgião em Santos, também no litoral paulista.
Segundo a paciente, o profissional informou que a cirurgia de histerectomia total, de retirada do útero, custa R$ 12,5 mil com o benefício que ela tem acesso.
“Não tenho condições financeiras de arcar com essa cirurgia. Eu necessito, preciso dessa cirurgia”, desabafou Evelyn.
Descoberta
À reportagem ela contou a descoberta se deu após a realização de um exame preventivo, cujo resultado ela à Unidade de Saúde da Família do Jardim Coronel, na cidade em que mora. Evelyn contou que os profissionais ligaram para ela, com urgência, e a encaminhamento a uma ginecologista.
A paciente, no entanto, buscou o atendimento com uma ginecologista credenciada na rede popular da qual é cliente. A médica que a atendeu a orientou a fazer uma biópsia do colo do útero.
Com o resultado da biópsia em mãos, Evelyn foi encaminhada a um médico da mesma rede em Santos. Fo ele quem avaliou o caso, informou sobre a existência do tumor e que ela deve operar com urgência.
Evelyn recorreu ao serviço de saúde municipal, onde, conforme citado acima, os próprios profissionais a orientaram a buscar atendimento particular. A paciente afirmou que a coordenação da unidade tentou ajudá-la, mas sem ter muito o que fazer em relação à fila de espera.
Ela contou que o marido é quem sustenta a família. O casal tem três filhas de 8, 13 e 16 anos. “Financeiramente, estou me planejando como dá. Meu marido sai para trabalhar, a gente ganha pouco, não ganha muito.[…] estou rezando para que Deus ponha a mão e dê tudo certo”.
Resposta
A reportagem procurou a prefeitura que, em nota, informou ter atendido a paciente na Unidade de Saúde da Família do Jardim Coronel, onde foi indicada a fazer uma colposcopia na rede pública [exame em que o médico avalia o órgão a olho nu com uso de instrumentos].
A administração municipal pontuou que Evelyn optou realizar o exame em rede particular. Em relação à indicação de profissionais para que procurasse uma clínica particular a administração municipal não se manifestou.