Sem cama e água potável, trabalhadores são resgatados em condições análogas à escravidão

Sete homens trabalhavam em uma plantação de banana e eram obrigados a morar em um alojamento em Eldorado (SP). De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a situação era degradante e desumana.

Sete homens foram resgatados em uma plantação de banana em Eldorado, no interior de São Paulo. Segundo apurado junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), eles eram mantidos em condições análogas à escravidão e, por este motivo, o empregador terá que pagar R$ 160 mil em verbas rescisórias e dano moral.

De acordo com o MPT, os trabalhadores foram contratados para realizar o plantio de banana e ficavam alojados próximo à lavoura em condições degradantes e desumanas. Eles também não tinham acesso a água potável, por este motivo, tomavam o líquido de um córrego.

O alojamento não tinha cama e chuveiro em um dos banheiros. Portanto, os trabalhadores tomavam banho de água fria por um cano que saía da parede e eram obrigados a dormir no chão. O MPT ressaltou ainda que a higiene do local era extremamente precária (confira na galeria de fotos abaixo).

Durante o trabalho, os homens borrifavam agrotóxicos sem equipamento de proteção, como máscara, luvas e óculos. Segundo o MPT, esta ação traz prejuízos diretos à saúde.

Confira as condições em que trabalhadores viviam e trabalhavam em Eldorado (SP)

Homens borrifavam agrotóxicos sem equipamento de proteção em Eldorado (SP)
Homens borrifavam agrotóxicos sem equipamento de proteção em Eldorado (SP) — Foto: Divulgação/MPT
Trabalhadores bebiam água de córrego em Eldorado (SP)
Trabalhadores bebiam água de córrego em Eldorado (SP) — Foto: Divulgação/MPT

O procurador Gustavo Rizzo Ricardo, que recebeu a denúncia e iniciou a operação junto ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Registro (SP) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), afirmou que a dignidade dos trabalhadores foi restaurada.

“É inaceitável em uma região com uma grande quantidade de produtores de banana que este tipo de situação ainda ocorra. O trabalhador tem que ter registro, equipamento de proteção, dormir em uma cama e em condições de higiene adequadas para habitar a propriedade e desenvolver o trabalho”, destacou o procurador do MPT.

O que acontece com o empregador?

Os R$ 160 mil, que estão sendo pagos pelo empregador, serão divididos entre os trabalhadores, de acordo com o tempo e condição em que eles viveram no local, sendo que apenas um possuía registro em carteira de trabalho.

De acordo com o MPT, dois deles trabalhavam há cinco meses, quatro estavam há um mês e um tinha chego há apenas um dia. Não há informações, porém, de quanto eles recebiam pelo trabalho e o valor exato que cada um receberá.

O empregador se comprometeu a regularizar a conduta trabalhista sob pena desta multa. Mas, o MPT enviará o caso ao Ministério Público Federal (MPF). O órgão deve investigar e apresentar a denúncia à Justiça. É possível que o homem seja julgado, já que manter pessoas em situação análogas à escravidão é um crime.

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