Mulher, de 63 anos, e o marido, de 73, fingiram interesse na própria casa para flagrar os golpistas, que tentavam vender o imóvel sem consentimento deles. Caso aconteceu em Mongaguá (SP).
Em acesso à troca de mensagens entre um golpista que vendia uma casa na internet e a proprietária real do imóvel, que descobriu a farsa. A mulher, de 63 anos, fingiu interesse na residência e marcou uma visita para desmascarar os criminosos em Mongaguá, no litoral de São Paulo.
De acordo com o boletim de ocorrência, a venda da casa na Avenida Sorocabana, no bairro Agenor de Campos, foi anunciada nas redes sociais por um perfil falso criado por Pedro Alexandro Oliveira, de 41 anos. Ele e a companheira Suzana de Almeida Oliveira, de 39, invadiram o imóvel e fotografaram o local para vender a casa na internet por R$ 115 mil.
A idosa – que terá a identidade preservada – contou que descobriu sobre o golpe após um conhecido ver o anúncio na web e avisá-la. De acordo com a mulher, o imóvel é uma herança da família do marido, de 73 anos, e fica na mesma rua onde o casal vive. “Moro praticamente do lado”, explicou ela.
Ao ver o anúncio, a mulher entrou em contato com o perfil que divulgava a venda. Nos prints obtidos, é possível ver a conversa entre ela e o criminoso. Quando a vítima pede para visitar a casa, o homem diz que não poderá atendê-la, mas teria uma funcionária para fazer isso (veja abaixo).
Golpista combinou visita ao imóvel em Mongaguá (SP) sem saber que estava falando com a dona. — Foto: Arquivo Pessoal
A vítima contou que após marcar o encontro, acionou a polícia para conseguir flagrar a ação dos golpistas. No local, a idosa e o marido encontraram a suposta funcionária que apresentou o imóvel [Suzana] e um homem, que mais tarde se identificou como quem estava por trás do perfil.
“O que mais me revoltou foi quando a mulher abriu a casa […] e aí eu perguntei: ‘você conhece a dona da casa?’ Ela falou: ‘conheço, trabalho para ela há bastante tempo porque eu cuido da casa, não sei o que, não sei o que’. Minha vontade era pegar ela pelo pescoço”, desabafou a vítima.
Ela contou ainda que a residência costuma ficar fechada, pois foi furtada em outra ocasião. No entanto, a idosa vai pelo menos uma vez na semana checar o imóvel. “Estava com corrente e cadeado no portão”, enfatizou. Segundo ela, os golpistas trocaram o cadeado no intervalo em que ela não visitou o local.
Golpista marcou visita em imóvel sem saber que seria desmascarado — Foto: Arquivo Pessoal
Prisão
Suzana e Pedro foram presos em flagrante por policiais civis que estavam de campana próximo ao local na tarde de quinta-feira (25). No entanto, a defesa do casal informou que eles foram soltos e vão responder ao processo em liberdade.
Em depoimento, Suzana disse que a ideia de vender o imóvel foi do companheiro Pedro. Segundo ela, o homem reparou que a casa estava vazia e sugeriu que entrassem para anunciá-la e vendê-la.
A mulher contou que o companheiro trocou o cadeado do portão, mas a porta de acesso aos cômodos já estava aberta. Por isso, o casal passou a visitar a residência em dias alternados para verificar se o proprietário tinha notado a troca do cadeado.
Suzana ainda disse aos policiais que Pedro tirou fotos da casa e postou o anúncio da venda no Facebook com um perfil nomeado de “Paulo Santos”. Ela contou que o companheiro fazia tratativas com pessoas interessadas por meio da internet e passou a senha da conta para outras pessoas o ajudarem na divulgação, dizendo que dividiria o valor da venda.
Também em depoimento, Pedro confessou aos policiais que criou o perfil com nome de Paulo Santos e anunciou a venda da casa em grupos do Facebook. Para alguns interessados, ele se apresentava como dono do imóvel, mas para outros falava que era um corretor.
No entanto, a versão dele foi diferente da companheira em relação à chegada na casa. Segundo Pedro, ele colocou o cadeado no portão que estava aberto depois de ver que ninguém morava no imóvel com aparência de abandonado. Ele ainda negou que deu a senha do perfil para terceiras pessoas.
Procurada a defesa do casal tratou o caso como “incidente”. “Os averiguados foram conduzidos à delegacia, ambos os indivíduos agiram de boa-fé, não têm qualquer envolvimento com atividades ilícitas e sempre agiram de acordo com a lei e os princípios éticos”.
Ainda segundo a nota assinada pelas advogadas Vanessa Drudi e Ana Carolina Garbo, a defesa está confiante de que a investigação “esclarecerá todos os aspectos relacionados ao incidente e determinará a verdade dos fatos”.