Moradora de São Vicente (SP) foi abordada nas redes sociais por empresa que afirmou que o menino, de 9 anos, havia sido selecionado para um teste no bairro Tatuapé, na capital paulista.
Uma faxineira de escola, de 43 anos, caiu em um golpe e perdeu mais de R$ 800 ao acreditar que o filho, de nove, estava sendo contratado por uma suposta agência de modelos. Bárbara Oliveira contou que foi abordada pela empresa pelas redes sociais e que preencheu uma ficha demonstrando interesse na oportunidade.
“Ela [funcionária] começou a dizer que meu filho já tinha sido aprovado, que eles estavam com o cachê dele separado caso passasse no teste”, disse.
Bárbara afirmou à mulher que não tinha dinheiro para gastar com isso. Na ocasião, a funcionária respondeu que o único gasto seria ir a uma agência no bairro Tatuapé, na capital paulista.
“Falei que morava em São Vicente, que não sabia ir, mas ela mandou o endereço e disse que, quando eu chegasse [no terminal] em Jabaquara, me explicaria como chegar na ‘suposta’ agência”, disse.
Lugar estranho
A faxineira resolveu abraçar a oportunidade e foi com o filho até o estabelecimento. Ao chegar lá, notou que era um local estranho, que estava sujo e sem fotos de crianças agenciadas nas paredes.
Além dela, outra família estava no local. Bárbara puxou assunto com eles e descobriu que a filha da mulher havia passado no teste para quatro marcas e teria que pagar R$ 2 mil.
Na sequência, o filho de Bárbara foi chamado. “Eles começam a contar uma história e você fica sensibilizado, acaba caindo no golpe. Eles são treinados para isso”.
Prints mostram conversa entre a vítima e funcionária de suposta agência de modelos — Foto: Arquivo Pessoal
Após tirar as fotos, a funcionária contou uma história que deixou a vítima com o ‘pé atrás’, já que as marcas que o filho tinha sido aprovado eram as mesmas da outra menina.
Uma funcionária afirmou que o agenciamento tinha validade de 12 meses e que o filho dela faria quatro trabalhos ao mês para cada uma das marcas, sendo que, mesmo que não trabalhasse, receberia R$ 1,7 mil mensais.
A mãe contestou a informação, que não estava no contrato, mas a golpista alegou que os detalhes seriam passados quando o menino realizasse o primeiro trabalho. A empresa marcou as datas para prova de roupas e fotos.
Ilusão
Segundo ela, a empresa alegou que ela precisaria dar, ao menos, uma entrada de R$ 1 mil para a realização do contrato e que o restante do valor seria descontado dos dois primeiros trabalhos. “É algo que você se ilude”.
Nesse momento, a faxineira disse que não tinha o dinheiro e que não usava cartão de crédito. Ela então afirmou que tinha R$ 800 na conta, e a empresa autorizou o pagamento da entrada nesse valor.
“Dinheiro que não poderia usar [para isso], mas, no momento de ilusões, pressões e conversa fiada, entrei nessa”, disse.
Após três dias, ao tentar entrar em contato com a agência, a faxineira percebeu que havia sido bloqueada nas redes sociais. Ela contou que o filho nunca teve interesse em ser modelo, mas viu na oferta uma oportunidade.
“Você se ilude e começa a sonhar com aquilo. [Fiquei] indignada, pois R$ 800 a gente não acha na rua. Sou auxiliar de serviços gerais, faxineira de escola, meu marido é vigilante, a gente leva nossa vida para sustentar nossos três filhos com muito sacrifício”, disse ela.
Ela tentou recuperar o valor com o banco, mas não conseguiu o estorno. Um boletim de ocorrência foi registrado como estelionato no 3° Distrito Policial de São Vicente, onde é investigado.
“[O pior é] saber que tem uma quadrilha enorme de golpistas, estelionatários, safados e sem vergonhas fazendo isso todo dia livremente e levando sonhos e dinheiros de muita gente embora”, finalizou.