Família muda de cidade e mora de favor após cair em ‘golpe da falsa vaga de emprego’ 

Casal de Itanhaém (SP) recebeu proposta para trabalhar em Goiânia (GO). Eles estavam de malas prontas, com o filho de quatro anos, quando perceberam que caíram em um golpe.

Uma família de Itanhaém, no litoral de São Paulo, precisou morar de favor e mudar de cidade após cair no golpe da falsa vaga de emprego. Gisele Feliciano de Paula, de 36 anos, entregou a casa onde morava de aluguel e estava pronta para seguir até Goiânia (GO), onde ela e o marido trabalhariam, quando descobriu a farsa.

Gisele e o marido trabalham como caseiros em sítios em Itanhaém. Eles buscavam emprego nas redes sociais quando se depararam com uma suposta recrutadora. A mulher precisava de pessoas habilitadas para dirigir. Como não se encaixavam no perfil, a moça indicou um outro homem, que também estaria procurando trabalhadores.

No dia 28 de junho, o suposto contratante entrou em contato com Gisele e eles conversaram, tanto por telefone quanto por chamada de vídeo e WhatsApp. Ele afirmou que precisava de caseiros em um sítio em Goiânia, com salário de R$ 3,1 mil para o homem e R$ 1,9 mil para a mulher, além de benefícios.

“Conforme ele foi falando o nome das ruas em que ele tinha comércio, eu fui procurando no Google […]. Então, não tinha como desconfiar que não era o cara. Estava tudo muito convincente, tipo uma entrevista de emprego, mesmo”, contou.

O falso recrutador pediu um pagamento adiantado de R$ 900 para custear metade das passagens de ônibus à família – Gisele, o marido e o filho de quatro anos deles. Ela chegou a enviar documentos pessoais para o golpista, bem como a quantia em dinheiro solicitada.

Mudança às pressas

No dia em que viajaria de ônibus para Goiânia, Gisele entregou a chave da casa em Itanhaém e ficou esperando as passagens que chegariam via e-mail, mas não as recebeu. Ela ligou para o homem e percebeu que havia sido bloqueada.

“A gente vendeu tudo que tinha em casa, de coisas grandes, conseguimos o dinheiro, mandamos para ele comprar as passagens”, disse.

Segundo Gisele, o homem dizia que as vagas eram para início imediato, por isso eles precisavam providenciar a mudança rápido. Ao saber que caíram em um golpe, o casal teve que dialogar com o responsável pela casa onde viviam, em Itanhaém, para morar de favor no local por alguns dias.

O marido dela arrumou um emprego de última hora para pagar o frete destinado ao restante dos pertences da família. No sábado (20) à noite, eles se mudaram para a capital paulista e tentam reconstruir a vida na cidade.

Golpe da falsa vaga de emprego

Golpes do falso emprego são comuns em aplicativos de mensagem — Foto: Pongsawat Pasom/Unsplash

Golpes do falso emprego são comuns em aplicativos de mensagem — Foto: Pongsawat Pasom/Unsplash

O advogado Thyago Garcia explicou que os golpes envolvendo falsas vagas de emprego seguem um modus operandi específico, com o intuito de enganar as vítimas. Para isso, os criminosos prometem oportunidades atrativas e solicitam pagamentos antecipados.

“Os golpistas publicam vagas de emprego em redes sociais, sites de classificados ou até mesmo enviam e-mails diretamente às vítimas. As vagas geralmente são muito atrativas, oferecendo altos salários, bons benefícios e, muitas vezes, não requerem muita qualificação”, disse.

Depois que a vítima se mostra interessada, os criminosos fazem um contato breve para confirmar a suposta contratação. Depois, é possível que solicitem uma entrevista por telefone ou on-line para conferir legitimidade ao golpe.

Como identificar?

Segundo o profissional, o golpe envolvendo falsas vagas de emprego configura um crime grave, que afeta tanto o patrimônio quanto a dignidade das vítimas.

Esse tipo de golpe geralmente se enquadra no crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal Brasileiro, que consiste em “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.

A pena para o crime de estelionato pode variar de 1 a 5 anos de reclusão, além de multa. Ela pode ser aumentada em casos específicos, como quando a vítima é idosa ou quando o crime é cometido por meio de fraude eletrônica.

Veja dicas para identificar e evitar golpes de falsas vagas de emprego:

  1. Pesquise a empresa que está oferecendo a vaga, no site oficial, perfis nas redes sociais e avaliações em sites de reclamações e emprego;
  2. Desconfie se a empresa for desconhecida ou disponibilizar poucas informações on-line;
  3. Suspeite de pedidos de pagamento antecipado: empresas legítimas não costumam pedir dinheiro antecipadamente para processos de seleção, treinamento ou viagem;
  4. Se houver qualquer solicitação de pagamento, questione a necessidade e verifique com a empresa diretamente por meios de contato oficiais;
  5. Desconfie de vagas que oferecem salários e benefícios muito altos para a função descrita, especialmente se a vaga não exigir muita qualificação ou experiência;
  6. Tente confirmar se a vaga existe e os detalhes da contratação diretamente com a empresa, por meio de contatos oficiais encontrados no site da empresa;
  7. Tome cuidado com processos muito rápidos ou simplificados que resultem em uma “contratação” imediata.

O advogado ressaltou que empresas sérias costumam ter processos seletivos bem estruturados, incluindo entrevistas presenciais ou online com diversas etapas.

Caí no golpe, como agir?

Segundo Thyago, se a vítima cair no golpe, o primeiro passo é guardar todas as provas – conversas, documentos, entre outros. Em seguida, deve ir até a delegacia mais próxima e registrar um boletim de ocorrência fornecendo todo esse material.

Se o pagamento foi feito por transferência bancária, a vítima deve notificar o banco que a representa imediatamente. Assim, a instituição pode tentar bloquear a transação ou até mesmo recuperar o valor.

“Denuncie o golpe em sites de reclamações e redes sociais para alertar outras pessoas e informe as autoridades competentes, como a Polícia Civil e o Procon. Seguindo essas dicas e estando atento a sinais de alerta, pode-se reduzir significativamente o risco de cair em golpes de falsas vagas de emprego”, afirmou.

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