Tsunami no litoral de SP é descartado após tremor de terra ser registrado; entenda

Sismólogo do Centro de Sismologia USP, Bruno Collaço explicou os motivos para não se preocupar com o fenômeno de ondas gigantes.

O risco de um tsunami atingir o litoral de São Paulo após o tremor sentido na região e no interior paulista, nesta sexta-feira (16), foi descartado pelo sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP).

“Para acontecer um tsunami, primeiro o evento [tremor] tem que ser no mar. Não foi o caso [nesta sexta], aconteceu perto, mas ainda no continente”, explicou nesta sexta-feira (16).

De acordo com o profissional, para que o fenômeno de ondas gigantes atinja a região também é necessário um deslocamento da coluna d’água vertical. “O mecanismo que gera isso não acontece no Oceano Atlântico”, ressaltou Bruno.

O sismólogo explicou que o oceano que banha o Brasil possui “outros tipos de falha que não geram movimentos verticais”, que acontecem na Indonésia e no Oceano Pacífico.

Além disso, ele enfatizou que o tremor precisa ter uma magnitude maior que 6,5 para poder ter a força capaz de deslocar uma coluna d’água. “São todos fatores que descartam essa possibilidade de tsunami”, garantiu.

Tsunami no litoral de SP foi descartado por sismólogo da USP — Foto: A Tribuna Jornal
Tsunami no litoral de SP foi descartado por sismólogo da USP.

Tremor

O Centro de Sismologia da USP informou que, às 8h22, ocorreu um tremor de terra de magnitude 4.0 na escala Richter. O epicentro está entre as cidades de Miracatu (25 km), Iguape (28 km) e Itariri (32 km), numa área pouco habitada.

Em nota, o Centro também afirmou que tremores de terra de magnitudes próximos ao registrado nesta sexta não são raros no país, pois acontecem em média duas vezes por ano. No entanto, “o litoral sul do estado de São Paulo é uma zona relativamente ativa, comparada à outras regiões”.

Ainda segundo o Centro de Sismologia da USP, apesar de não existir explicação para que a região tenha “relativamente maior atividade sísmica do que outras”, uma possível hipótese é que a placa da América do Sul é mais fina nesta zona, “resultando em maior concentração de pressões geológicas na crosta superior”.

Segundo Bruno Collaço, tremores de magnitude 4.0 podem ser sentidos a aproximadamente 100 km de distância. Por isso, há relatos em diversas cidades do Estado. Ele ainda afirma que há possibilidade de as vibrações serem sentidas novamente em qualquer parte do país a qualquer momento, mas isso não é motivo para preocupação, pois os tremores fortes acontecem nas bordas das placas tectônicas, como no Japão.

Bruno Collaço trabalha como sismólogo no Centro de Sismologia USP — Foto: Arquivo Pessoal
Bruno Collaço trabalha como sismólogo no Centro de Sismologia USP — Foto: Arquivo Pessoal

“Estamos no meio da placa sul-americana. Em compensação, a gente está sendo comprimido pelo afastamento da placa africana, que empurra o Brasil para um lado e, do lado oeste, há a placa de Nazca entrando por debaixo do continente, que também comprime do lado oeste”, explicou.

De acordo com ele, o território brasileiro está sendo “apertado”. “Essas forças de compressão se espalham por toda a crosta terrestre embaixo do Brasil e podem causar algum tremor, em alguma hora, em algum momento, em qualquer parte do país”, enfatizou.

O sismólogo informou que apesar da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) ter mais de 100 estações espalhadas por vários estados do país para registrar essas ocorrências, não é possível prever se irão acontecer próximos tremores. “O maior que já aconteceu no Brasil foi magnitude 6.2 em Mato Grosso”, finalizou.

De acordo com a RDBR, as recomendações à população em caso de tremores. A primeira orientação é manter a calma e, caso esteja em casa ou apartamento, não deixar o local durante o tremor.

Além disso, é recomendado manter distância de janelas e locais onde objetos possam cair. E, se possível, a pessoa deve tentar ficar embaixo de uma mesa resistente ou embaixo de batentes de portas.

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