Motorista de app atende passageiro com sintomas de AVC e age como ‘ambulância’: ‘larguei a mão na buzina’

Homem entrou no carro com metade do corpo paralisada e acompanhado de três pessoas em Santos. Motorista disse ter cancelado a corrida para não cobrar o valor e perdeu o contato com o passageiro.

Um motorista de aplicativo foi surpreendido com uma corrida para um passageiro com sintomas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em Santos. Jefferson Silva dos Santos, de 37 anos, disse não ter pensado duas vezes em agir como uma ‘ambulância’. Ele ligou o pisca alerta, buzinou e pediu passagem até a Unidade de Pronto atendimento (UPA) da Zona Noroeste.

“Respirei fundo [para dirigira até a UPA] porque os familiares já estavam muito nervosos […]. Só falei: Deus me ajuda”, contou.

O chamado no aplicativo aconteceu por volta das 18h30 da última segunda-feira (14). De acordo com Jefferson, o passageiro estava no bairro Caneleira, a pouco mais de um quilômetro da UPA da Zona Noroeste.

Assim que ele chegou ao endereço indicado pelo aplicativo, uma pessoa apareceu pedindo socorro a um familiar, que estaria sofrendo um AVC. O motorista contou ter ficado nervoso com a situação, mas focou no que precisava fazer. Além do rapaz com um lado do corpo paralisado, duas mulheres e um homem entraram no carro.

Jefferson destacou que, embora a emergência tenha ocorrido em horário de ‘pico’, contou com a colaboração dos demais motoristas para chegar à UPA em três minutos. “Liguei o pisca alerta, larguei a mão na buzina e fui com o braço para fora pedindo para o povo abrir caminho. […] Cada minuto é crucial”.

Assim que chegou à unidade de saúde, ele disse ter embicado o carro na entrada da ambulância e continuou buzinando. Ele conta que fez isso até os funcionários aparecerem com uma cadeira de rodas para retirar o paciente do carro. Depois, segundo Jefferson, não teve mais informações sobre o passageiro. Ele buscou contato com a família, mas não conseguiu.

Em contato com a Prefeitura de Santos. A administração municipal não confirmou que o homem deu entrada na unidade e nem o estado de saúde dele.

Viagem ‘de graça’

O motorista contou ter cancelado a viagem pelo aplicativo para que o paciente e familiares não fossem cobrados e, por isso, não ficou com o contato de quem pediu a corrida.

“Não queria cobrar. A moça ainda me perguntou quanto era [o valor da corrida] e eu falei que não era nada, mas ela pegou e colocou R$ 10 no carro”, disse.

Apesar de não saber o desfecho do caso, o motorista ficou com o sentimento de dever cumprido por ter feito o que estava ao seu alcance para ajudar. “Afinal, estamos lidando com vidas. É fazer o bem sem olhar a quem, e sem esperar nada em troca. O bem que você planta e emana é o mesmo bem que você colhe”, finalizou.

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