Como o pé é menor, não foi possível realizar o procedimento que salvou a perna. Pé direito de Yuri Gabriel, de 5 anos, estava sem circulação de sangue há mais de um mês.
O menino, de cinco anos, que teve a perna direita recuperada em um hospital na capital paulista após o membro ter sido condenado à amputação em Guarujá, no litoral de São Paulo, precisou passar por uma cirurgia para amputar o pé. Yuri Gabriel começou a ter problemas na perna após pular do sofá para o colo do primo e pisar de mau jeito no chão. O pai dele, Kened dos Santos, de 28 anos, explicou que o pé do filho estava em estado de mumificação após ficar sem circulação de sangue.
A gangrena seca, conhecida como estado de mumificação, acontece pela desidratação dos tecidos necrosados, que ficam escuros e secos. Ela geralmente é resultado de processos em que a circulação sanguínea é interrompida, como o caso de Yuri.
Em nota, o Hospital Israelita Albert Einstein disse que não comenta a situação de pacientes por respeito à privacidade e ao sigilo. Os pais, no entanto, informaram que a perna da criança foi salva após uma cirurgia de fasciotomia, quando tecidos da pele são cortados para aliviar a pressão e recuperar o membro.
Como o espaço do pé é menor, não foi possível realizar o mesmo procedimento. A cirurgia para amputação do pé foi adiada após o casal pedir para os médicos mais tempo para fazer orações. Devido ao estado do pé, não havia mais tratamentos que pudessem salvá-lo. “Nenhum pai quer que aconteça isso com o filho, porém, somos gratos pela vida do Yuri. Ele teve grandes riscos de perdê-la”.
À esquerda, minutos antes de colocar a tala. À esquerda, membro após cirurgia que recuperou a circulação de sangue da perna — Foto: Arquivo Pessoal
Preparo para cirurgia
Nos últimos dias, de acordo com Kened, Yuri apresentou uma grande melhora e a sedação diminuiu. Com isso, junto aos psicólogos, os pais conseguiram explicar ao menino pela primeira vez que ele estava no hospital e o pé dele teria que ser amputado.
Kened disse que revelou ao Yuri como estava o pé, fez uma simulação de amputação em um brinquedo de um personagem para o menino ver como seria e mostrou vídeos de crianças com próteses.
O pai disse que o menino acordou no dia da cirurgia perguntando quando iria tirar o ‘pézinho dodói’. “Foi um conforto saber que ele tinha ciência de tudo o que estava acontecendo. Ele falou que tudo o que mais queria era andar e correr, e sabia que com esse pé não ia conseguir. Então, passamos isso para ele”
Recuperação
Segundo Kened, o filho está tendo uma boa recuperação. Os médicos acreditam que a cicatrização deve durar de três a seis meses. Com isso, o pai tem esperança de que Yuri passe o Natal e o Ano Novo com uma prótese.
Apesar da melhora no quadro clínico, Yuri permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sem previsão de alta. A conta no hospital já ultrapassa os R$ 3 milhões.
Entenda o caso
Yuri recebeu mensagens de apoio de várias personalidades, entre elas jogadores do São Paulo FC — Foto: Arquivo pessoal
Yuri Gabriel pulou do sofá para o colo do primo e pisou de mau jeito no chão no dia 27 de julho. Os pais o levaram à UPA de Vicente de Carvalho, em Guarujá, onde fez exames de raios-X e nenhuma fratura foi constatada. Ele foi medicado e liberado.
Ele passou por ortopedista no Hospital Santo Amaro (HSA), também em Guarujá, onde a equipe imobilizou a perna dele com uma tala. Yuri foi para casa e, passado um tempo, começou a sentir dores abdominais e a tala apertada. Ele foi levado de volta ao HSA, onde notaram que o pulmão dele estava comprometido.
Ainda no hospital retiraram a tala, momento em que notaram a perna fria e inchada. Uma pediatra comentou: ‘temos que amputar”. Os pais resolveram transferir o filho ao Hospital Israelita Albert Einstein, na capital, onde a circulação sanguínea da perna foi retomada, mas a do pé não.
O menino toma medicamentos para recuperar os pulmões e rins afetados pela bactéria Staphylococcus aureus, além de anticoagulante para tratar trombose em uma artéria da perna direita.
Os especialistas acreditam que não há relação entre a bactéria e perna direita de Yuri, segundo o pai. “A queda pode ter dado um choque para esse problema se manifestar. Mas, há possibilidade dessa bactéria já estar no meu filho [antes]. [A perna], os médicos acreditam que o motivo pode ter sido a tala, que deviam ter colocado muito apertada”.
Ele está internado na capital há mais de 50 dias e não tem previsão de alta. A conta dos procedimentos realizados no Hospital Albert Einstein ultrapassou os R$ 3 milhões. A família já arrecadou R$ 2,2 milhões.
Yuri Gabriel ganhou o apoio de milhares de pessoas na web, inclusive nomes famosos como: Carlinhos Maia, Deolane Bezerra, Meno Kabrinha, Charles do Bronxs e os jogadores Lucas Moura e Rodrigo Nestor.