Caso aconteceu em Santos, no litoral de São Paulo. Arthur Antonio Alves Camargo, de apenas nove anos, foi transferido de escola pela família após os episódios.
Uma mãe alega que o filho, de nove anos, foi chamado de “projeto de bandido” por uma mulher, apontada por ela como madrasta de uma aluna que teria cometido injúrias raciais contra o menino em uma escola municipal de Santos, no litoral de São Paulo. Nayara Alves disse, nesta sexta-feira (13), que o filho foi ‘perseguido’ por colegas. “Chamavam de macaco e o mandavam comer banana”.
Os casos aconteceram dentro da Unidade Municipal de Ensino Professor Waldery de Almeida, localizada no bairro Jardim Santa Maria, de acordo com Nayara. Ela registrou um Boletim de Ocorrência sobre injúria racial contra a madrasta da aluna no 5º Distrito Policial da cidade. O menino foi transferido de escola pela família após o ocorrido e, atualmente, estuda em outra unidade municipal.
Nayara contou ter percebido uma mudança no comportamento do filho, Arthur Antonio Alves Camargo, há aproximadamente um ano. Segundo ela, o menino passou a não querer mais ir à escola e, em determinados dias, chegava em casa chorando e alegando ter sofrido injúrias.
“Ele me disse que alguns colegas o chamavam de ‘macaco’ e diziam para ele ‘comer banana'”, afirmou Nayara. “Chamaram também de ‘sujo’, ‘cabelo duro’ e diziam que a roupa dele era encardida”.
‘Projeto de bandido’
De acordo com Nayara, o episódio com a madrasta da aluna que ‘perseguia’ Arthur aconteceu na última semana, quando ela foi até a escola para buscar o menino e acabou sendo chamada pela diretoria para falar sobre o comportamento dele.
Ela acrescentou que, nos últimos meses, foi constantemente convocada à unidade de ensino após o menino se envolver em ‘problemas’ com outros alunos. As situações aconteciam, segundo Nayara, quando Arthur reagia às ofensas e xingava os colegas de volta.
Mulher afirma que filho negro foi chamado de ‘projeto de bandido’ dentro de escola — Foto: Arquivo Pessoal
“Eu estava na escola quando essa mulher [a madrasta] bateu no meu ombro e disse: ‘Quero falar com você’. Já num tom hostil. Respondi que, naquela hora, não poderia conversar, pois seria atendida na secretaria, mas ela começou a gritar e a expor o Arthur”, disse Nayara.
Segundo Nayara, a mulher começou a ofendê-la e, não satisfeita, passou a falar mal de Arthur. “Me chamou de ‘omissa’, ‘bandida’ e ‘negligente’. Depois, disse que eu estava criando um ‘projeto de bandido’. Nunca na vida, nem no pior pesadelo, esperei que uma criança de nove anos iria ouvir isso”.
Nayara afirmou que nenhum funcionário da escola se manifestou durante as ofensas da mulher, as quais ela também considera como um ato de racismo. “Acredito que o comportamento da menina, que ofendeu o Arthur, é um ‘espelho’ da madrasta”, finalizou.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Santos informou, por meio de nota, que a supervisão de ensino está apurando as informações e acompanhando o caso para orientar a equipe gestora da escola sobre os procedimentos que devem ser tomados em relação aos estudantes.
A Secretaria de Educação (Seduc) acrescentou que repudia qualquer ato de racismo e injúria racial e que desenvolve um trabalho de conscientização na rede municipal de educação, por meio de palestras e visitas às unidades de educação, para que questões raciais sejam temas de discussões e reflexões, atendendo a lei federal 11.645/08.
A equipe de reportagem não localizou a madrasta da estudante que, segundo Nayara, ‘perseguiu’ Arthur até a última atualização desta matéria.