Grupo com 11 pessoas precisou ficar na rua até encontrar novo imóvel para alugar em Ilha Comprida (SP).
Uma família descobriu que caiu em um golpe ao chegar em uma casa que tinha alugado pela internet para passar o Réveillon em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo, e descobrir que outra pessoa morava na residência. Os 11 turistas, sendo quatro crianças, ficaram na rua por horas até encontrarem outro imóvel para alugar.
A operadora de máquina Ariane Aparecida Santana, de 35 anos, explicou que entrou em contato com o golpista em setembro após ver um anúncio na internet. Ao receber fotos e vídeos do imóvel, ela fechou o pacote do aluguel entre os dias 30 de dezembro e 7 de janeiro por R$ 3 mil.
No mês seguinte, pagou R$ 500 para confirmar a reserva e, em dezembro, pagou mais R$ 1 mil. O combinado era quitar a outra metade no check-in. O criminoso se identificou como Ricardo Caxito Meira e chegou a enviar um contrato de locação.
“Todos os dias de setembro para cá, eu conseguia falar com ele e me respondia normal. Eu tirava dúvida da casa. Ele falou que não precisava trazer nada, nem cobertor, porque já tinha tudo na casa”, relembrou Ariane.
Ela diz que entrou em contato durante a semana para perguntar se poderia chegar no dia 29 ao invés de 30 e o homem concordou. Desta forma, a família combinou com um motorista de van para fazer o transporte do grupo de Sorocaba até Ilha Comprida.
Homem chegou a enviar contrato de locação pela casa em Ilha Comprida — Foto: Arquivo Pessoal
Descoberta
Poucos dias antes da data de entrada na residência, o golpista parou de responder. No entanto, ela acreditou que tudo estava combinado, inclusive estaria respaldada pelo contrato. A turista se surpreendeu na manhã desta sexta-feira (29), quando chegou no endereço e se deparou com uma mulher que se apresentou como a dona da casa.
A proprietária informou que o grupo tinha caído em um golpe e apresentou um boletim de ocorrência que já tinha feito em outra ocasião. Segundo Ariane, ela contou que aproximadamente 30 pessoas já tinham ido até o local dizendo ter alugado com Ricardo, mas o homem teria feito o vídeo do imóvel ao invadir o local.
“Me bateu desespero”, descreveu Ariane sobre a situação da família que contava com uma bebê de um ano entre as crianças. O grupo não poderia voltar para Sorocaba, pois tinha combinado com o motorista da van de buscá-los somente no dia 7 de janeiro e ele já tinha outras viagens agendadas neste intervalo.
“Sentimento de revolta, impotência e humilhação […]. Ficamos das 8h30 até 12h tentando achar uma casa. Ficamos no sol, as crianças passando mal, foi muito exaustivo para todos nós”, afirmou.
Homem conversava com a mulher normalmente desde setembro — Foto: Arquivo Pessoal
Vizinhança comovida
A vizinhança da casa do aluguel falso, inclusive a proprietária da residência, se sensibilizou com a situação dos turistas e passou a ajudar como podia. “Um dava água gelada, outro deixava a gente usar o banheiro”, disse Ariane.
Em determinado momento, uma das vizinhas chegou a indicar uma pessoa que alugava imóveis. “A mulher ficou comovida com a nossa situação. Ela saiu da casa dela, alugou para nós a casa dela e foi para a casa do irmão dela”, explicou Ariane.
A família pagou o R$ 1,5 mil que estava guardado para o check-in na casa falsa e precisou desembolsar mais R$ 500 para inteirar o valor cobrado na nova casa. “A gente não estava contando, era um dinheiro que usaríamos para conseguir aproveitar melhor”.
Tentou-se contato com o acusado dos golpes, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.