OPINIÃO
Por Cristen Charles
Que Márcio França é um vencedor e um estrategista contumaz, principalmente na região metropolitana da baixada santista, isto é indiscutível, mas o ser, com o mesmo peso, quando o assunto é País e Estado é muito outra história!
Márcio nunca escondeu de ninguém que seu sonho é ser Governador do Estado de São Paulo, até chegou a passar um tempo no cargo, quando herdou de Geraldo Alckmin, que deixou a governança estadual para enfrentar uma candidatura a presidente em 2018, mas obviamente não era seu mandato. Com a máquina na mão conseguiu arregimentar votos o suficiente para quase ganhar de João Dória, seu principal antagonista na época, que obviamente não deve enfrentá-lo no pleito deste ano, até por isso e sem um adversário midiático para se opor para ligar o “modo show”, restou a ele fazer o que sabe como poucos: articular!
Então conseguiu mostrar um novo caminho para Geraldo Alckmin (ex-PSDB) ao seu lado no PSB, logo em seguida desenhou um cenário que viabiliza o ex-Governador de São Paulo como vice de Lula e articulou coisas como, em um hipotético cenário como esse, Fernando Haddad (PT) candidato ao Senado, deixando a candidatura para o Palácio dos Bandeirantes livre para o líder do PSB, um verdadeiro conto de fadas, não? Só que não!
Uma coisa é articular e desenhar cenários em uma região como a baixada santista em que ele é um dos principais nomes a ser respeitado, talvez perdendo em projeção regional apenas para Alberto Mourão (Ex-PSDB), ex-Prefeito de Praia Grande, outra coisa é negociar e articular com nomes experientes como Alckmin e Lula, o risco era grande: SER ENGOLIDO, e aparentemente, é o que está acontecendo.
Geraldo Alckmin começa perceber que se quiser ser vice de Lula, não precisa de apadrinhamentos, se quiser ser Governador o PSD está logo ali. Para Lula, Alckmin é estratégico, mas não significa algo preponderante em sua viabilização, logo, se quiser falar com o ex tucano, não precisa de França, ele está à uma ligação de avançar qualquer questão, Haddad embora seja uma importante peça no jogo, sabe que é player (com mais expressão inclusive que França) tanto para o Estado, quanto para o Senado, resumindo, ele já não dá mais carta alguma.
Para piorar, Marcio França acha que a forma de fazer política nacional, é a mesma de negociar com os políticos da baixada, ledo engano, ao sinalizar a Ciro Gomes, via filho (aprendeu com Bolsonaro?), que foi ao Twitter mostrar que estava lendo o livro de Gomes, ele apenas irrita Lula e Geraldo Alckmin, que simplesmente o ignoram, tendo em vista que, o pré-candidato do PDT está em queda livre nas pesquisas e virou persona non grata no petismo. Essa forma de chantagem barata é o pior dos caminhos sem dúvidas…
Afora isso, Marcio França tem que se preocupar com outro nome: Guilherme Boulos, que na disputa para a Prefeitura de São Paulo, a qual Marcio França no auge de sua arrogância achou que já estava garantido no segundo turno, viu o político do PSOL engoli-lo sem dó e nem piedade com uma campanha revolucionária nas redes sociais que arregimentou adeptos e suavizou a imagem radical do ex-líder do MST, tanto é que, sem apoio de Lula, Alckmin, Haddad ou qualquer articulação, ele já aparece a frente de Marcio França em todas as principais pesquisas.
O político do PSB é sim um grande nome, é sim um grande articulador, mas precisa entender que antes de pensar em questões gigantes demais para sua estatura, ele tem uma que é muito séria para seus planos: Como se tornar mais atrativo que Guilherme Boulos em tempos de redes sociais?
Ele até tentou um reality show virtual chamado “O político” que foi um fracasso em termos de engajamento e seu antagonismo com Dória já não empolga tanto, tendo em vista que o candidato do atual Governador está no corner e parece não esboçar uma reação. Quando colocamos tudo em pratos limpos, começamos a reparar que talvez Marcio França não seja a principal carta do jogo e deve pensar a sua jogada passo a passo e com paciência, pois no momento, parece que o grande plano dele, está definhando a olhos públicos!
Resumindo, o sonho de França esbarra na realidade: talvez ele não seja o melhor nome nem pra esquerda e nem para a direita, para levar o Estado mais importante do Brasil. Portanto, precisa mostrar capilaridade eleitoral, o que dentro do contexto, deve ser a prioridade!
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