BATMAN – HISTÓRIAS FANTASMAS

Se existe algo que o leitor da atual fase de Batman, do escritor James Tynion IV não pode reclamar, é que ele entrega um excelente arroz com feijão, como se diz no ditado popular. Algumas vezes esse arroz e feijão, vem com um bacon a mais, uma calabresa, mas mesmo quando não é louvável, o prato pelo menos cumpre seu papel!

Sei que a metáfora talvez não seja das melhores, mas resume bem o arco que sucede “A Guerra do Coringa” que deixou os fãs um tanto quanto frustrados, afinal, uma saga envolvendo o palhaço do crime, em tese, é algo que sempre abala o universo morcego. Se em “Guerra” a pretensão imperou em cada página, rodeada de belos desenhos e splash pages, por outro lado a mesma pretensão tirou todo o prazer da coisa, fato que não ocorre aqui, em “Histórias de Fantasmas” que começa em Batman 51 (Batman 102) e vai até a edição de número 53 (Batman 105), o arco é um bom, velho e inofensivo gibizão de herói, e só!

Bons desenhistas comandaram as quatro edições que seguraram a trama que basicamente apresenta um personagem do passado de Bruce Wayne, quando ele ainda viajava o mundo treinando para se tornar um combatente do crime. Ele conheceu o jovem que se tornaria “O Criador de Fantasmas”, treinaram juntos, mas ambos tinham visões de mundo diferentes e obviamente, chegou a hora do vilão voltar à vida de Bruce, para provar que seu ponto de vista sempre esteve certo.

Sim, é um fiapo de história, costurada em retcons que em nada mudam ou atrapalham o cânone do homem morcego e que coloca Arlequina (forçadamente) e o Caçador de Palhaços na linha de tiro, aliás, os diálogos de ambos os personagens é de uma breguice como poucas vezes escritas nas páginas do personagem nos últimos anos.

Não restam dúvidas que Tynion é um bom escritor, que conhece o personagem como poucos e é capaz de render belas e inspiradas tramas, tanto que seu retcon aqui é tão orgânico e bem pensado, que ele se torna absolutamente crível para aqueles que acompanham a vida do morcegão religiosamente, ano após ano. Em sua passagem por Detective Comics, Tynion mostrou uma visão bem arejada, a ponto de hoje merecer uma revisão (devo fazer em breve) como alguns fãs fazem questão de destacar.

Pelas quatro edições, de forma industrial e competente Carlo Pagulayan, Danny Miki, Guillem March, Alvaro Martinez e Christian Duce tiveram a missão de dar vida a um roteiro repleto de clichê e ação; e não fizeram feio, aliás, poderia facilmente dizer que este foi o destaque do arco, mesmo com uma arte pouco autoral e sem muita personalidade, os desenhos carregaram todo o enredo pífio.

Para aquele fã de Batman, que estava afastado e quer voltar a acompanhar algo, talvez aqui seja uma porta de retorno confortável, repleta do lugar comum. Para quem já vem acompanhando, pode ser frustrante, pois antes tivemos fases geniais como a de Grant Morrison ( a melhor), Scott Snyder durante os novos 52 (mediana), Tom King (com um ou outro lampejo genial) e fugindo do titulo principal, o próprio Tynion em Detective Comics.

Com final abrupto e apressado e uma solução meio constrangedora, vale pela diversão e entretenimento escapista.

Batman, editora panini, edições 51-53 (102-105). OBS: O mix conta com Detective Comics, mas nesse review, procuramos destacar o titulo Batman mesmo.

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