Judas Priest no Knotfest

“Hits e emoção em um espetáculo em forma de heavy metal”

Por Cristen Charles

No último dia 18 de Dezembro, a seminal banda de Heavy Metal Judas Priest esteve de volta à São Paulo para comemorar seus 50 anos de estrada. Sendo que, alguns dias antes tocaram no Vibra São Paulo em um espaço menor. Mas convenhamos, ser co-headliner no festival Knotfest é onde a banda claramente se sente mais à vontade, já que são conhecidos por tocarem em arenas lotadas por todo o mundo.

Quem nunca viu o Judas ao vivo, pode parecer chover no molhado, mas deveria ver. A banda é praticamente a síntese do Heavy Metal e sempre conta com setlists nostálgicos e certeiros. Com uma discografia extensa, alguns hits são presença constantes, como: The Hellion/Eletric Eye, Painkiller, Breaking The Law, You’ve Got Another Thing Coming e sempre trazem alguma surpresa com coisas que entram e saem do set.

Público ovacionou a lendária banda. Reprodução instagram.

Com o palco emulando uma espécie de fábrica remetendo à suas origens inglesas trabalhistas, religiosamente às 19 e 45, a caixa de som toca o clássico do Black Sabbath War Pigs e na sequência, surge a banda formada por Scott Travis na bateria, Richie Faulkner na guitarra, acompanhado do hoje já fixo Andy Sneap comandando a outra guitarra, assim como o lendário Ian Hill no baixo e claro, quando surge a voz inconfundível de Rob Halford em Eletric Eye, já sabemos: a coisa ficou séria.

Richie comanda a cozinha do Priest.

Na sequência Rinding On The Wind do álbum Screaming for Vegeance já dá mostras que do alto de seus 71 anos, Halford continua um cantor técnico e inacreditavelmente melhor. É evidente que aqui e ali, a idade pesa e para aguentar o tranco, o cantor tenha que fazer adaptações e se manter em posições onde a voz saia com mais tranquilidade e conforto, mas é notório que das bandas veteranas, ninguém chegou ou chegará onde o artista está hoje.

O agora efetivado, Andy, se tornou membro importante do Judas Priest. Reprodução Instagram.

Para terminar a primeira sequência de músicas do álbum citado acima, o mais tocado da noite, vem a sempre aprazível You’ve Got Another Thing Coming, nesse momento, olho ao lado e dois amigos estão se abraçando e comemorando muito, parecia que acabara de acontecer um gol, eles chegavam a esbarrar nas pessoas naquele momento de emoção, pergunto o porquê e eles me respondem que estavam lá em homenagem a um amigo que era fã, assim como eles, e que sempre ia aos shows e os convidava, e que nunca tinha dado certo por conta da correria do dia a dia de todos, e infelizmente, esse amigo faleceu durante a pandemia e aquela era a homenagem deles, foi tocante!

Voltando ao show: seguindo com Jawbreaker do disco Defenders of Faith, a cozinha da banda executa a perfeição este poderoso clássico, enquanto mais uma vez, Rob Halford se esgoela em agudos que chegam a tremer o chão, é uma música poderosa e não poderia ser menos que impactante ao vivo. Logo em seguida os últimos álbuns são representados por Firepower que deu nome ao excelente último lançamento da banda.

O álbum mais presente da noite, como já dito, retorna com Devil´s Child, sendo a deixa para a chegada de uma música controversa e que acabou sendo um dos pontos altos da noite: Turbo Lover do álbum homônimo, isso porque no poderoso refrão o público simplesmente assume os vocais, momento lindo e que mostra a experiência da banda em conduzir a plateia de devotos.

Do British Steel surge uma pérola que nunca foi tocada no país, senão durante essa turnê: Steeler, rápida e recheada de bons riffs para a afiada dupla Faulkner e Sneaps se esbaldar. E quando os fãs estavam sentindo falta de coisas do disco Painkiller, um dos melhores da história do gênero e do rock em geral, a seminal Between The Hammer and The Anvil é executada como se deve: rápida, pesada e poderosa, com Rob Halford mais uma vez subindo o tom do jogo.

O Deus do Heavy Metal detém o público na palma da mão!

É extremamente difícil escrever sobre um show como esse sem usar um número exagerado de adjetivos, mas veja como a missão é hercúlea, na sequência temos apenas: Metal Gods do British Steel e The Green Manalish (With The Two Prong Crown) cover do Fletwood Mac presente no Killing Machine e a execução da última do Screaming for Vegeance na noite, justamente a que dá nome ao álbum e voltamos para o…Painkiller, ufa!!!

Scott Travis começa a introdução e o público já sabe o que esperar: pancadaria da grossa. Painkiller surge como um trem desgovernado prestes a atropelar a plateia gigante do Knotfest. Halford adota novamente uma posição confortável para que seus agudos saiam poderosos, e não titubeia em entregar uma performance coerente e arrasadora do hit, adiciona gutural como uma passagem para o instrumental e finaliza de forma épica, gigantesca e que simplesmente deixa o Anhembi e apreciadores de música de qualidade boquiabertos!

Com um setlist que é praticamente jogo ganho, a sequência final é para terminar de um jeito apoteótico e lá em cima: Hell Bent for Leather, também do Painkiller, é eficiente como sempre foi e uma bela homenagem a quem gosta de motocicletas, inclusive com uma no palco, Breaking The Law agrada a gregos e troianos e Living After Midnight encerra uma noite de Heavy Metal com aquele hardão gostoso e festeiro.

Uma verdadeira ode ao Heavy Metal, execução técnica a perfeição, palco simples, mas ainda assim grandioso, setlist construído estrategicamente e 50 anos de estrada, obviamente fazem do Judas a melhor atração da noite, isso em dia que contou com o redivivo Pantera entregando tudo, mas tudo mesmo! O competente caos do Slipknot e outras interessantes atrações.

O Priest termina o show agradecendo o público de forma carinhosa e prometendo voltar para abençoar mais uma vez seus devotos, que claro, estarão novamente a postos para essa espécie de missa metaleira!

Nota 10 de 10.

SET LIST:

1-The Hellion/Electric Eye (Álbum: Screaming for Vegeance)
2-Riding on the Wind (Álbum: Screaming for Vegeance)
3-You’ve Got Another Thing Comin’ (Álbum: Screaming for Vegeance)
4-Jawbreaker (Álbum: Defender of the Faith)
5-Firepower (Álbum: Firepower)
6-Devil’s Child (Álbum: Screaming for Vegeance)
7-Turbo Lover (Álbum: Turbo)
8-Steeler (Álbum: British Steel)
9-Between the Hammer and the Anvil (Álbum: Painkiller)
10-Metal Gods (Álbum: British Steel)
11-The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)
(Fleetwood Mac cover) (Álbum: Killing Machine)
12-Screaming for Vengeance (Álbum: Screaming for Vegeance)
13-Painkiller (Álbum: Painkiller)
14-Hell Bent for Leather (Álbum: Painkiller)
15-Breaking the Law (Álbum: British Steel)

16-Living After Midnight (Álbum: British Steel)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui