Camila Idame Ramos foi encontrada morta no apartamento em Santos, SP, em abril de 2022. A princípio o caso foi registrado como suicídio, mas, meses depois, a polícia descobriu que o marido a tinha matado.
O homem de 40 anos que matou a esposa por estrangulamento e que forjou o suicídio dela em Santos, teve a prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça, nesta terça-feira (25), após denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).
Camila Indame Ramos, de 39 anos, foi dada como morta por suicídio na tarde de 16 de abril do ano passado, mas, meses após o crime, a Polícia Civil descobriu que Emílio Carlos Alves Ramos assassinou a esposa. Ele está preso desde junho.
Na denúncia obtida, o promotor Fabio Perez Fernandez explicou que, após matar a esposa, o denunciado alterou a cena do crime e acionou, por telefone, órgãos se segurança de resgate.
Emílio havia dito ter encontrado a esposa caída na sala do apartamento, na Vila Mathias, com um pano de chão amarrado no pescoço “indicando que ela havia se suicidado em razão do quadro depressivo”.
Após receber a denúncia e decretar a prisão preventiva do denunciado, nesta terça-feira (25), a juíza da Vara do Júri e Execuções, Lívia Maria de Oliveira Costa, destacou que os elementos indicam que ele alterou o cenário para acobertar o crime cometido.
“Induzindo os policiais e socorristas em erro, evidenciando seu desinteresse em colaborar com a elucidação dos fatos”, defendeu a juíza.
Morte forjada
O delegado do 2° Distrito Policial (DP) de Santos, Marcelo Gonçalves, explicou que os laudos apontaram que as marcas no corpo da vítima foram feitas no dia 16 de abril, data em que ela foi encontrada morta, e dois dias antes, em 15 e 6 do mesmo mês.
Diante desse quadro, a Polícia Civil viu que a versão que o marido apresentava não encaixava. Além disso, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a vítima estava sob efeito de álcool e zolpidem [remédio que induz o sono].
“É uma substância que deixa a pessoa atordoada, inclusive, durante o interrogatório perguntei se ele presenciou a esposa sob o efeito. Ele falou que viu, que ela ficava ‘grogue’. Eu perguntei como a pessoa consegue causar aquele tanto de lesão e ainda cometer o suicídio sem força. Ele não teve resposta”, disse Gonçalves.
Segundo o delegado, o perito que atendeu a ocorrência disse não ter encontrado nenhum objeto que fosse compatível com as lesões apresentadas pela vítima. “No nosso entendimento o pano não foi utilizado, foi usado outro instrumento para o estrangulamento”.
O crime
A morte foi constatada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que foi acionado ao apartamento onde ela morava com o marido, de 40, na Avenida Ana Costa, na Vila Mathias, em Santos.
Segundo o boletim de ocorrência, registrado na época como morte suspeita, a vítima estava na sala do apartamento com um pano enrolado no pescoço.
O marido informou à polícia que havia saído para trabalhar, passou a conversar com a esposa por aplicativo de mensagem, mas, em decorrência do trabalho, não conseguiu visualizar o celular e no término do expediente percebeu que a esposa não havia enviado mensagem.
De acordo com ele, ao chegar em casa, deparou-se com o corpo da vítima caído de bruços sobre o chão com um pano enrolado no pescoço e, imediatamente, empreendeu esforços para retirar o pano e tentou realizar manobras cardíacas, que não tiveram sucesso. Ele informou na ocasião que a mulher apresentava um quadro depressivo e fazia uso do medicamento zolpidem.