Morcegos-vampiros atacam cavalos, bois e galinhas em Pedro de Toledo

Pecuarista de Pedro de Toledo afirma que problema já ocorre há pelo menos cinco meses. A coordenadoria de Defesa Agropecuária pede que os produtores vacinem os animais contra a raiva.

Animais como éguas, cavalos e bois estão sendo atacados por morcegos-vampiros (Desmodus rotundo) na área rural em Pedro de Toledo. Nesta sexta-feira (28), o pecuarista Adilson de Souza, de 67 anos, disse que há pelo menos cinco meses tem registrado as mordidas e mortes de algumas galinhas. Os ataques acontecem durante a madrugada.

Souza contou ter ido à prefeitura para falar sobre a situação, mas, segundo ele, os profissionais da administração municipal demonstraram desconhecimento em relação aos ataques de morcego. O pecuarista ressaltou a preocupação da cidade vizinha com as ocorrências.

“Itariri (SP) tem um folder alertando a população para vacinar os animais por causa dos morcegos”. Ele afirmou que para evitar prejuízo, como a perda de mais galinhas e o adoecimento do gado e de cavalos, resolveu vacinar os animais contra a raiva.

A medida, inclusive, é orientada pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária de Registro, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que foi acionada para atender os casos de mordidas de morcegos hematófagos, principais transmissores da raiva (leia mais abaixo).

O órgão pede para que os produtores vacinem e apliquem pasta vampiricida nos animais, o que auxilia no controle da espécie agressora.

“A princípio pensava que era saruê ou gambazinho, mas fui vendo, no lugar onde as galinhas dormem, o sangue escorrendo e entendi que era morcego”, disse Souza.

Morcego-vampiro se alimenta de sangue de mamíferos e aves; ilustrativa — Foto: Vladimir José Rocha
Morcego-vampiro se alimenta de sangue de mamíferos e aves; ilustrativa — Foto: Vladimir José Rocha

O homem contou à reportagem ter ido um dia à noite até o pasto e confirmou a presença de diversos morcegos. “Eles vêm em cima da gente para atacar”.

O pecuarista implorou por ajuda já que, segundo ele, um empurra o caso para o outro e a Vigilância Sanitária do município não queria registrar a ocorrência. “Tem que vir uma equipe, sei lá da onde, mas esse é meu apelo. […] aqui ninguém sabe quem acionar para vir tomar providência”

“Minha preocupação é com os animais que tenho, e [desse bicho] pegar uma criança ou um adulto. Transmite raiva e vai para cima do ser humano, não é que nem o frutífero”, disse.

Morcegos-vampiros

O professor de zoologia do curso de Ciências Biológicas da Universidade Santa Cecília (UniSanta), Jorge Luis Santos, disse que esses animais habitam regiões de floresta ou que facilitem o descanso durante o dia para sobrevoarem à noite.

“Eles vão em busca de mamíferos de pequenos, médios e grandes portes. Geralmente, esses animais se acumulam [ficam muito próximos] e acabam fazendo com que eles [morcegos] tenham vantagem”. O profissional alertou que a espécie também oferece riscos aos humanos.

Por ser uma espécie que se alimenta exclusivamente de sangue, esses morcegos podem ser vetores da raiva. “Acaba sendo mais observado em regiões rurais por causa da criação de animais”.

O que é a raiva?

Animal ficou ferido após ser mordido por morcego em em Pedro de Toledo — Foto: Maria Clara Nascimento/Arquivo pessoal e Dione Aguiar/TV Tribuna

A raiva é uma doença transmitida de animais para o homem, causada pelo vírus Lyssavirus, da família Rhabdoviridae. Ela que acomete o sistema nervoso central do infectado, ocasionando uma encefalite [inflamação no cérebro] que geralmente evolui rapidamente. Quase 100% dos contaminados morrem.

A transmissão é feita pela saliva de animais infectados, como: morcegos, cachorros, gatos, vacas, cavalos e coelhos. Não depende, portanto, apenas da mordida, mas podem acontecer em casos de arranhões ou até lambidas.

Diante de uma possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente e sabão. A pessoa infectada deve procurar uma unidade de saúde para tomar a vacina e soro logo após o incidente.

Os sintomas, geralmente, demoram de um a três meses para surgir. E, quando aparecem são: alterações de comportamento [confusão mental, desorientação, agressividade e alucinações], espasmos ao sentir água ou vento, mal-estar geral, aumento de temperatura, náuseas e dor de garganta

Animais na área rural de Pedro de Toledo, no interior de São Paulo, ficam feridos após serem atacados por morcegos-vampiros — Foto: Dione Aguiar/g1

Posicionamentos

A Prefeitura de Pedro de Toledo informou, em nota, que um morador do bairro Manoel da Nóbrega avisou sobre os ataques de morcegos e, imediatamente, a Vigilância Sanitária entrou em contato com órgãos do Estado, que relataram um surto em Juquitiba, que está a 80 km de distância.

De acordo com a administração municipal, os órgãos estaduais informaram que farão uma varredura para a captura destes animais. A prefeitura disse, ainda, que os departamentos e equipes municipais monitoram a situação e estão preparados para atendimento e suporte aos animais e moradores.

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