A informação foi confirmada pelo chefe de assessoria militar da pasta, Pedro Luis de Souza Lopes, durante o fórum A Região em Pauta, cujo tema foi Segurança Pública, em Santos.
A Operação Escudo, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) há 32 dias, não tem mais prazo para terminar. Conforme balanço divulgado pelo órgão, ao menos 600 pessoas foram presas e 23 indivíduos morreram em supostos confrontos com policiais. O governo estadual deu início à operação em decorrência do assassinato do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis. Ele foi baleado em 27 de julho, durante patrulhamento na Vila Júlia, em Guarujá.
A informação sobre a continuação da ação policial, foi confirmada pelo chefe de assessoria militar da pasta, Pedro Luis de Souza Lopes, durante o fórum A Região em Pauta, cujo tema foi Segurança Pública. O evento ocorreu na segunda-feira (28), no auditório do Grupo Tribuna, em Santos, no litoral de São Paulo.
Segundo a autoridade, “se a operação tem como enfoque o enfrentamento do tráfico de drogas, como saber, exatamente, o momento em que tenho de cessar, já que o foco é um crime que não é medido por estatísticas oficiais?”, afirmou. Ainda de acordo com ele, “O que está no banco de dados é o que a polícia fez, não o crime”.
Entre os temas discutidos no encontro, as autoridades presentes abordaram a letalidade. A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, falou que “por mais que haja enfrentamento, embate, precisamos entender o que está por trás de cada morte. Se queremos dizer que a operação gera uso de força letal, precisamos prestar contas”.
Presente no seminário, o diretor do Deinter 6, Luiz Carlos do Carmo, declarou que tudo será averiguado. “Todos os casos vão ser investigados, junto com o Ministério Público. Vários órgãos de direitos humanos estão atuando conosco de forma transparente”.
Crime organizado
Ainda durante o evento, o chefe de assessoria militar confirmou que o crime organizado está instalado em todo o Estado, inclusive na Baixada Santista. Diante disso, o deputado federal Delegado Da Cunha (PP) explicou por que facções criminosas, em especial o Primeiro Comando da Capital (PCC), agem na região. “A cúpula do crime focou no que dá mais dinheiro, que é o tráfico internacional de cocaína. Dentro desse foco, a Baixada tem mais dificuldade por causa do Porto de Santos, que é de onde a droga vai para a Europa”, assegurou.
Já o deputado estadual Tenente Coimbra (PL) ressaltou um dado. “Tivemos mais de 17 toneladas (de drogas) apreendidas só em 2022 no Porto. A tendência é passar esse número (em 2023). É de se assustar. Obviamente, é onde sai grande parte de financiamento do crime, que tem muitos braços”, frisou ele. Coimbra apontou ainda que “temos comunidades a uma quadra da parte portuária, o que facilita o transporte internacional”.
Mais que polícia nas ruas
A secretária-adjunta de Defesa e Convivência Social de Guarujá, Valéria Amorim, disse que as facções se aproveitam da falta de estrutura de comunidades. “O crime organizado se instala em locais desorganizados. Um lugar com ordem no trânsito, que é iluminado, asfaltado, contribui (para a segurança)”.
O secretário de Segurança de Santos, Sérgio Del Bel, seguiu o mesmo entendimentos das demais autoridades. “Nos preocupamos em dar aos espaços públicos mais condições de serem usados pela população. Um terreno baldio pode virar parquinho para crianças”.
O secretário de Defesa e Organização Social de São Vicente, Silvio Damaceno, citou que os “problemas surgem nas cidades”. Por isso, “deve-se investir em homens e em equipamentos”. Segundo o secretário de Segurança de Praia Grande, Marcos Barbosa Craveiro, também é fundamental “ter empatia com nosso público, com pessoas que nos procuram com problemas”.
Ação comunitária
Finalizando o fórum, o capitão Leonardo Augusto de Assis Fernandes, comandante da 3ª Companhia do BPMI falou sobre o Programa Vizinhança Solidária. “É uma forma de prevenção primária. Pode reduzir, até, 80% dos crimes. A ideia é evitar que um crime aconteça”.
Operação escudo
A Operação Escudo, de combate ao tráfico de drogas e no crime organizado, completou 30 dias, sendo realizada na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Durante o período, mais de 600 pessoas foram presas e 23 morreram. A operação foi deflagrada após assassinato do soldado PM da Rota Patrick Bastos Reis, que fazia patrulhamento pela Vila Julia, em Guarujá.
De acordo com a SSP, desde o dia 28 de julho, foram presas 634 pessoas. Destas, 240 eram foragidas da Justiça pelos mais diversos crimes, desde falta de pagamento de pensão até roubo à mão armada, sequestro e homicídio.
Entre os presos em flagrante e os que eram procurados estão criminosos com várias passagens policiais, líderes de facção e traficantes.