Delegado fala sobre morte de PM da Rota após laudo apontar que disparo não partiu de arma apreendida

Perícia concluiu que o disparo que atingiu o PM Patrick Bastos Reis não partiu da pistola encontrada por meio de uma denúncia anônima em um beco em Guarujá, no litoral de São Paulo.

O delegado Antônio Sucupira, da Delegacia de Guarujá, no litoral de São Paulo, explicou, nesta terça-feira (24), detalhes da investigação sobre a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis, após a perícia apontar que a bala que atingiu a vítima não partiu da pistola apreendida. Segundo ele, apesar da Polícia Civil seguir em busca do armamento ‘verdadeiro’, o resultado não muda a conclusão do caso.

A pistola semiautomática calibre nove milímetros foi encontrada após uma denúncia anônima à polícia. A arma foi localizada em um beco na cidade, no dia 31 de julho, e atribuída a Erickson David da Silva, também conhecido como ‘Deivinho’, preso suspeito de matar o PM. Apesar disso, o laudo da perícia de confronto balístico apontou que o projétil não foi disparado por meio desse armamento.

“Encaminhamos a arma ao Instituto de Criminalística apenas para checar se o disparo partiu dela”, explicou o delegado. “No entanto, a principal prova que temos sobre o caso é testemunhal e, através dela, imputamos a responsabilidade do crime ao Deivinho”.

Arma havia sido apreendida após uma denúncia anônima em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução

Arma havia sido apreendida após uma denúncia anônima em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução

Pistola e investigação

O delegado acrescentou que, apesar do inquérito sobre o caso ter sido encerrado e, inclusive, três homens – incluindo ‘Deivinho’ – denunciados na Justiça pela participação no crime, a Polícia Civil seguirá em busca da arma que, de fato, foi usada para atirar no PM da Rota.

“Nada impede que continuemos nas investigações. Surgindo novos fatos, vamos apurar”, complementou ele. “O ‘melhor dos mundos’ seria que essa arma, encontrada após a denúncia anônima, tivesse dado positivo para a morte do PM, pois assim já teríamos o instrumento do crime”.

Sucupira ressaltou, por fim, a dificuldade de localizar o armamento na cidade. “Como são 53 comunidades em Guarujá, o ‘leque’ é muito grande, mas novas denúncias podem chegar e vamos apurá-las”.

‘Sniper do tráfico’ e irmão

Os irmãos Kauã e Erickson foram presos suspeitos de participar da morte do PM da Rota — Foto: Reprodução

Os irmãos Kauã e Erickson foram presos suspeitos de participar da morte do PM da Rota — Foto: Reprodução

Segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e o delegado titular do Distrito Policial Sede de Guarujá, Antonio Sucupira Neto, Erickson foi preso suspeito de atirar no PM da Rota e o irmão dele, Kauã Jason da Silva, por envolvimento no crime.

De acordo com Derrite, Kauã tinha a ‘função’ de ficar posicionado na comunidade Vila Júlia, em Guarujá, armado e com um comunicador, pronto para avisar os comparsas sobre a chegada de viaturas policiais ao local.

Na época do crime, o advogado de defesa dos irmãos informou que ambos se declaravam inocentes. Segundo Wilton Felix, um vendia drogas para o outro na ‘biqueira’ quando o tiro foi disparado por um terceiro homem, também detido.

Entenda o caso

O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Zilda, em Guarujá, no dia 27 de julho. Ele chegou a ser socorrido, mas a morte foi confirmada no mesmo dia.

Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado.

Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes.

Mortes

Em vídeo gravado antes de ser preso, Erickson afirma, em relato direcionado ao governador de SP e ao secretário de Segurança Pública, que estão “matando uma ‘pá’ de gente inocente”. Ele também diz que estão “querendo pegar” sua família (veja o vídeo acima).

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que o vídeo gravado pelo suspeito foi “uma estratégia do crime organizado”.

“A verdade é que esse vídeo que ele fez, orientado pelos seus defensores, inclusive tem áudio do advogado o orientando a fazer esse vídeo, se os senhores ainda não possuem, ao longo das investigações vão tomar conhecimento disso, é uma estratégia do crime organizado, inclusive de cooptar moradores, de cooptar pessoas das comunidades que também são vítimas do tráfico organizado apresentando versões”, afirmou.

A Ouvidoria das Polícias informou investigar denúncias de tortura e ameaças de morte relatadas por moradores durante a Operação Escudo

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