Walter Parreira é formado em História e Publicidade e fundador do grupo Trincheira Patriótica de Santos, que esteve a frente das grandes mobilizações na Baixada Santista. Ao todo, policiais cumprem 13 mandados de busca em MT, SP, RJ e DF.
Walter Parreira, representante comercial de Santos, no litoral de São Paulo, foi preso nesta quarta-feira (25) por financiar o ato golpista em Brasília em 8 de janeiro, quando vândalos invadiram e danificaram os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, em Brasília. Ele é formado em História e Publicidade e fundador do grupo Trincheira Patriótica de Santos, que esteve a frente das grandes mobilizações na Baixada Santista.
A prisão de Parreira aconteceu na manhã desta quarta-feira (25), durante a 19ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, que investigava indivíduos que promoveram violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos da instituição.
O representante estava na mira da Polícia Federal após aparecer como contratante de um ônibus que saiu de São Vicente, no litoral paulista, rumo ao centro de Brasília no dia 7 de janeiro. Em vídeos, ele não escondeu a participação em atos democráticos (veja o vídeo abaixo).
As promessas na convocação de golpistas incluíam “ônibus novos, superbons, sem custo. O passageiro só pagaria o que consumisse na estrada. Para quem tem disponibilidade para viajar, tudo pago. Tem que ficar acampado. E, se tiver mais pessoas, conseguiremos mais ônibus”. Já dentro do ônibus, a caminho da capital da República para participar dos atos terroristas, Parreira fez um apelo: “Está sobrando ônibus e faltando patriota”.
Em outro vídeo, que repercutiu na internet, ele revelou o alto valor da excursão. Ele falou sobre a viagem e o objetivo dos atos terroristas, além de pedir a ajuda de empresários para contribuírem com outras caravanas.
O que diz Parreira?
Em janeiro de 2023, Parreira afirmou ter ido à capital para um congresso Seicho-No-Ie [religião de origem japonesa]. Em nota, a instituição informou que não houve reunião na data citada.
O que diz a defesa
Em conversa com o advogado de defesa de Walter Parreira, Augusto Cesar Cardoso Migliori. Ele confirmou que Walter foi conduzido à Polícia Federal por conta dos atos de 8 de janeiro. “Ainda são objetos de investigação. O que temos de informação é que houve um mandado de busca a apreensão, expedido pelo ministro Alexandre de Morais, e ainda não tivemos acesso aos autos do processo”, falou.
O advogado explicou que, o que consta para ele, é que houve de fato a presença de Walter no dia do ato. Porém, a participação dele ocorreu foi de forma ordeira e pacífica.
“Ele é um entusiasta do patriotismo nacional, com muitas ideias patrióticas no sentido mais puro da palavra. Ele nem teria tempo de ficar participando qualquer tipo de possibilidade de organizar e difundir essa prática pejorativa”, falou o advogado.
Migliori esclareceu que ainda não teve contato com Walter Parreira. O representante comercial foi conduzido ao Centro de Detenção Provisória de São Vicente.
Operação Lesa Pátria
A operação Lesa Pátria da PF, foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. As medidas judiciais foram tomadas em relação a 12 investigados, sendo cinco prisões preventivas e 13 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal.
As medidas foram cumpridas em Cuiabá/MT, Cáceres/MT, Santos/SP, São Gonçalo/RJ e em Brasília/DF. As investigações continuam em curso e a Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais cumpridos.
Segundo a PF, os fatos investigados incluem os seguintes crimes:
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado;
- associação criminosa;
- incitação ao crime;
- destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido;
- crimes da lei de terrorismo.
Investigações
Segundo a apuração do Fantástico, a Polícia Federal, com apoio de outros órgãos, é que estava comandando as investigações para chegar nos nomes dos financiadores dos atos. O prejuízo ao patrimônio público estava calculado em ao menos R$ 3 milhões apenas na Câmara dos Deputados, que junto com o Senado Federal compõe o Congresso Nacional.