Mãe da vítima, de 20 anos, está lutando para transferi-lo para a UTI, em Praia Grande (SP). Ele perseguiu criminosos porque achou que eles haviam conseguido roubar um óculos dele.
O jovem de 20 anos que foi baleado na cabeça ao seguir dois criminosos que tentaram assaltá-lo em Praia Grande, no litoral de São Paulo, trabalha como tripulante em um navio e havia chegado na cidade há 8 dias para passar as férias com a família. A mãe da vítima, que não quis ser identificada, disse que o filho precisa ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não consegue vaga.
Imagens obtidas mostram a vítima pegando uma moto e indo atrás dos bandidos após achar que eles haviam conseguido roubar um óculos dele. O caso ocorreu na última sexta-feira (27), no bairro Guilhermina. O homem foi baleado na cabeça e está internado.
A vítima estava trabalhando em um navio na Europa e veio ao Brasil para ficar dois meses de férias com os familiares. “No primeiro dia [dele aqui] arrombaram o portão da minha casa e roubaram a bicicleta dele”, disse a mãe, que conseguiu recuperar o veículo. “Praia Grande está [perigosa] demais”.
A mãe contou que o jovem está reagindo as medicações e os médicos diminuíram um pouco a ventilação mecânica, para ele respirar sozinho, e a sedação. Segundo a mãe, os médicos disseram que por causa do jovem estar com a bala alojada na cabeça, não é possível acordá-lo de uma vez. O procedimento de ‘desmame’ da medicação precisa ser feito aos poucos.
“Para fazer o desmame só pode ser na UTI, não pode ser na emergência, precisa de um fisioterapeuta o tempo todo, para se acontecer alguma coisa, e na emergência não tem”, disse ela.
A mulher contou ainda que o Hospital Irmã Dulce, onde o rapaz está internado, não tem uma vaga de UTI disponível para ele. Por isso, ele foi inserido na Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross). “Dizem que é o próximo [da fila], mas esse próximo nunca chega”.
(à dir.) Jovem indo atrás dos criminosos após tentativa de assalto e (à esq.) marca do tiro no capacete — Foto: Reprodução e Arquivo Pessoal
Ela teme que o filho pegue alguma infecção e contaminação onde está, podendo agravar a situação de saúde dele, que está grave, mas estável, segundo a mãe.
“A gente fica com o coração partido, já chorei para caramba (…) Estou desesperada, é um tiro na cabeça né? Tem uma bala lá. Eles alegam que ele precisa ficar estável totalmente, respirar sozinho para ver o que vão fazer com essa bala e no momento ele ainda está com a ajuda dos aparelhos”.
Hospital
Secretaria Estadual de Saúde, por sua vez, informou que não divulga detalhes sobre pacientes em casos do tipo para preservar a integridade da vítima.
Relembre o caso
Segundo apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, os criminosos foram na casa do rapaz com o objetivo de comprar um óculos que ele havia anunciado em uma rede social. O dono da residência estava acompanhado de amigos. Após olharem os produtos, os homens disseram que não tinham interesse em comprá-los.
Antes da dupla ir embora, o garupa da moto tentou pegar um dos óculos no bolso de um dos amigos da vítima. O dono da residência acreditou que tinha sido roubado. Por isso, ele pegou uma moto do pai dele e foi atrás dos criminosos.
Vítima foi atrás dos criminosos ao acreditar que tinha sido roubada, no bairro Guilhermina, em Praia Grande, SP — Foto: Reprodução
Os criminosos perceberam que estavam sendo seguidos e dispararam na direção do homem, acertando a cabeça dele. A vítima foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhada ao Hospital Irmã Dulce.
Segundo apurado pela reportagem, a moto utilizada pelo dono da residência ficou caída no local onde ele foi baleado. Depois, o veículo foi entregue à família dele. Os criminosos fugiram em outra moto.
De acordo a Polícia Militar, o caso foi encaminhado para registro na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Praia Grande. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que não localizou a ocorrência.
Homem de 20 anos foi baleado ao reagir a uma tentativa de assalto, no bairro Guilhermina, em Praia Grande, SP — Foto: Reprodução