Tsunami meteorológico é descartado por especialistas no litoral de SP; entenda

Um ‘tsunami meteorológico’ arrastou carros na Praia do Cardoso, em Laguna, na tarde deste sábado (11). Saiba os possíveis impactos para a região do litoral paulista.

O tsunami meteorológico que arrastou carros e assustou banhistas na praia do Cardoso, em Laguna, no litoral de Santa Catarina, na tarde deste sábado (11) acende um alerta: será que o fenômeno ligado a sistemas meteorológicos pode afetar as cidades do litoral de São Paulo? O g1 conversou com especialistas que tranquilizaram a população da Baixada Santista.

De acordo com Daniel Onias, coordenador da Defesa Civil de Santos, os fenômenos ligados a ciclones extratropicais, frentes frias ou sistemas de instabilidade como o registrado em Laguna (SC) tendem a se formar no Sul, próximo à Argentina, e atingem com mais intensidade aquela região.

Onias ressaltou que naquela área existem praias muito planas e, portanto, a água atinge avança por uma maior extensão territorial quando há alta das mares, agitação marítima com tempestades e ventos intensos.

O coordenador da Defesa Civil ressaltou que o fenômeno do último sábado (11) em Santa Catarina é bem diferente do tsunami comum, no qual ondas gigantes se formam no oceano por causa de abalos sísmicos com poder destrutivo bem superior.

“Para os próximos dias, não são esperados fenômenos meteorológicos oceânicos como ressacas de forte intensidade. Sempre que há a possibilidade de uma ressaca, que chamamos de maré anômala ou meteorológica, emitimos alertas com até cinco dias de antecedência”, afirmou.

Plano de contingência

O técnico da Defesa Civil Pacita Franco ressaltou que não há previsão de maré anômala ou ondas elevadas para os próximos dias. “O que ocorreu em Laguna (SC) foi a entrada de uma instabilidade local, devido a uma tempestade, uma linha de instabilidade, acompanhada por ventos intensos que gerou a ondulação”, explicou.

Carros boiando durante tsunami meteorológico em Laguna — Foto: Reprodução

Carros boiando durante tsunami meteorológico em Laguna — Foto: Reprodução

Onias também chamou a atenção para um plano de contingência que a cidade de Santos adota em situações semelhantes.

Quando a maré está acima de 1,8 m, há previsão de ondas acima de 2,5 m e ventos acima de 60 km/h, a população é orientada a tomar cuidados. Alguns deles são evitar estacionar no subsolo próximo à orla da praia e não ficar embaixo de árvores ou redes elétricas.

Entenda

Um tsunami meteorológico arrastou carros e assustou banhistas da Praia do Cardoso, em Laguna, na tarde deste sábado. A Defesa Civil de Santa Catarina informou que o fenômeno é de “difícil previsão”.

Na ocasião, um pescador local relatou que o tempo estava bom e “a maré subiu de repente e ficou muito alta” por volta das 16h. Segundo Marcio Goulart Nascimento, a praia estava cheia de turistas, sendo que muitas pessoas correram e gritaram. O Corpo de Bombeiros informou que ninguém se feriu.

De acordo com a Coordenadoria de Monitoramento e Alertas da Defesa Civil, o tsunami meteorológico normalmente está atrelado a algum sistema meteorológico, como linhas de instabilidade, como foi o caso desta ocorrência.

“As linhas de instabilidade são formadas por células de tempestades aproximadamente contínuas, dispostas de forma alinhada. Quando passam paralelas à costa, podem gerar mudanças bruscas de pressão atmosférica e rajadas de vento intensas que colaboram para o avanço da água do mar em direção à praia”, detalhou o órgão, em nota.

Ainda segundo a Defesa Civil catarinense, o final da tarde e o início da noite de sábado foram de instabilidades associadas a temporais em pontos do Planalto Sul e, principalmente, no litoral de Santa Catarina. Houve o avanço de uma frente fria pelo oceano. Os temporais provocaram rajadas de vento intensas no Litoral Sul, onde ultrapassaram os 90 km/h.

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