Mais de 70 pessoas são socorridas por conta do calor no litoral de SP

Funcionário de Samu de Guarujá denuncia viaturas sem ar-condicionado. Confira o balanço das ocorrências.

Mais de 73 pessoas precisaram ser socorridas após passarem mal com sintomas relacionados ao forte calor nas cidades da Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Foi feito um balanço das ocorrências atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) neste sábado (18). Em Guarujá, um funcionário denunciou a falta de ar-condicionado dentro das viaturas, onde a temperatura chegou aos 51ºC.

A Prefeitura de São Vicente informou que as equipes do Samu na cidade atenderam 43 ocorrências relacionadas às altas temperaturas. “Os profissionais prontamente atenderam a todos os chamados. Segundo a administração municipal, alguns pacientes foram encaminhados para os hospitais para dar sequência aos atendimentos, enquanto outras pessoas se recusaram a serem removidas”.

Em Santos, o Samu realizou 20 atendimentos entre casos de insolação e desidratação por conta do calor, que bateu o recorde do ano neste sábado. “Algumas pessoas foram encaminhadas para unidades de saúde de origem e outras em atendimento local”, disse a prefeitura.

O Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), responsável pela gestão do Hospital Municipal de Bertioga, informou que dois pacientes foram levados pelo Samu com sintomas que podem ser associados ao calor. “Um deles, com insolação. Outro, com queixa por vômito e diarreia. Ambos foram atendidos, medicados e tiveram alta”, diz a nota da administração municipal.

A Prefeitura de Praia Grande disse que houve uma grande procura de serviços de urgência e emergência nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade. NO entanto, não falou a quantidade. “Entre as ocorrências mais comuns estão desidratação, mal-estar e queda de pressão”.

Itanhaém afirmou que não registrou chamados com essas características. A Prefeitura de Guarujá afirmou que “realiza o levantamento de atendimentos prestados pelo Samu após as primeiras 24 horas de início do expediente administrativo. A previsão é que os dados estejam disponíveis a partir da tarde de quarta-feira (22)”.

No entanto, foi apurado com um funcionário do Samu de Guarujá, que teve a identidade preservada. Segundo ele, ao menos metade dos atendimentos neste sábado (18) foram de pacientes, principalmente idosos, que passaram mal por conta do calor. Ele disse que, em dez horas de trabalho, o Samu registrou oito chamados, sendo quatro de pessoas com sintomas gerados pelo calor excessivo.

Procuradas pela reportagem, as prefeituras de Cubatão, Mongaguá e Peruíbe não se manifestaram até a publicação desta matéria.

Funcionário do Samu registrou temperatura de 51ºC dentro de viatura em Guarujá (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Funcionário do Samu registrou temperatura de 51ºC dentro de viatura em Guarujá (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Sem ar-condicionado

O profissional contou ainda que o socorro do Samu de Guarujá acontece em viaturas sem ar-condicionado, que chegam a registrar 51ºC.

“Esse calor tem sido atípico, mas o mínimo que poderiam fazer é disponibilizar conforto térmico, pelo menos aos pacientes, nas ambulâncias”, disse.

Ele contou que há aproximadamente dois meses o Samu opera somente com três viaturas, sendo duas básicas e uma de suporte avançado. “As ambulâncias básicas são as que rodam frequentemente. A avançada é acionada somente nos casos mais graves e também para prestar apoio às equipes das básicas. Das três que temos hoje, nenhuma tem ar-condicionado”, explicou.

De acordo com o profissional, o termômetro de uma das ambulâncias chegou a marcar 51ºC neste sábado. O calor prejudica, inclusive, o bem-estar dos socorristas, que ficam com tontura. “Está péssimo. Estamos sobrecarregados física e mentalmente, mas mesmo assim, temos que ir e atender. Essas pessoas dependem de nós”, relatou o funcionário, que descreve a situação como “praticamente caótica”.

Prefeitura de Guarujá

Procurada a Prefeitura de Guarujá informou que, atualmente, o Samu atua com três ambulâncias (uma de suporta avançado e duas básicas) e duas motolâncias.

“Atende às normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que destina uma ambulância para cada 150 mil habitantes – a Cidade possui 287 mil habitantes, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, disse em comunicado.

Ainda segundo a Administração Municipal, há outras quatro ambulâncias em manutenção, “que estarão de prontidão para reforço na temporada de verão”.

Sobre a falta de ar-condicionado nas viaturas, a prefeitura informou que já pleiteou, junto ao Ministério da Saúde, recursos para renovação de toda a frota do Samu. “Paralelamente, a Secretaria Municipal de Saúde está providenciando um contrato para manutenção das viaturas do Samu, com finalidade de solucionar o problema”.

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