Material divulgado pela Organização das Nações Unidas nesta terça-feira (28) aponta que mudanças climáticas são responsáveis pelo avanço do mar. Estudo trabalhou com uma previsão para 2050.
A cidade de Santos, no litoral de São Paulo, corre o risco de ter parte da área próxima à costa submersa até 2050, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira (28) pela Organização das Nações Unidas (ONU) e agências especializadas. De acordo com o material, a expectativa é de que 5% da população que vive próximo ao mar seja afetada.
“Até 2050, as projeções mostram que centenas de cidades costeiras altamente povoadas estarão expostas a um maior risco de inundações, incluindo terras onde vivem cerca de 5% da população de cidades costeiras, incluindo Santos, no Brasil, Cotonou, no Benim, e Calcutá, na Índia”, afirmou a ONU, em nota. O Rio de Janeiro também é citado, veja mais a baixo a lista com todas as cidades.
De acordo com o Censo Demográfico 2022, Santos possui 418.608 habitantes, ou seja, cinco por cento são 20.930 pessoas que podem ter as residências tomadas pela elevação do nível do mar. A prefeitura da cidade informou, em nota, que vem adotando várias ações para evitar a situação. (confira abaixo as medidas)
Ainda de acordo com a pesquisa, se as emissões de poluentes continuarem no ritmo atual, até 2100 o mar deverá tomar conta de 10% das zonas costeiras das cidades citadas.
Conforme divulgado pela Human Climate Horizons, uma colaboração entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Laboratório de Impacto Climático (CIL), novos dados apontam que a extensão das inundações costeiras aumentou nos últimos 20 anos, como resultado da subida do nível do mar.
Atualmente, mais de 14 milhões de pessoas ao redor do mundo vivem em comunidades costeiras com uma probabilidade de 1 em 20 inundações.
Ranking
No pior cenário de aquecimento e sem defesas costeiras até o final do século, o estudo prevê que cinco por cento ou mais das cidades listadas abaixo caiam permanentemente abaixo do nível do mar. Confira a lista completa:
- Guayaquil, Equador
- Barranquilla, Colômbia
- Santos, Brasil
- Rio de Janeiro, Brasil
- Kingston, Jamaica
- Cotonou, Benin
- Calcutá, Índia
- Perth, Austrália
- Newcastle, Austrália
- Sydney, Austrália
Pessoas assistir à ressaca no Mirante do Leblon — Foto: Marcos Serra Lima
Prefeitura de Santos cita ações:
Em nota, a administração municipal destacou algumas ações para evitar a erosão e conter o avanço do mar. Uma delas começou em 2018, por meio de uma parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) com a colocação de uma barreiras submersa com 49 sacos de geotêxtil em formato de ‘L’ na Ponta da Praia. Os geobags, como são conhecidos, têm 275 metros de comprimento e são recheados de areia.
A prefeitura ressaltou que os dados do monitoramento demonstram tendência ao acúmulo de areia no trecho protegido pelos geobags. “O trabalho prossegue, gerando mais informações. No momento, estudos estão sendo feitos para a ampliação das barreiras”, informou, destacando que o projeto-piloto usa tecnologia de baixo custo, fácil manutenção e baixíssima interferência ambiental.
Ainda de acordo com o Executivo, em 2019 foi criada a Seção de Mudanças Climáticas e, em 2021, fez a revisão do Plano Municipal de Mudanças Climáticas. No ano passado, lançou o Plano de Ação Climática de Santos (PAC) com 50 metas até 2030.
“O PACs coloca em marcha a implementação de estratégias, diretrizes e metas de adaptação e mitigação para fazer frente à crise climática e às vulnerabilidades socioambientais presentes no nosso município, considerando o cenário de intensificação das mudanças climáticas apontado nos últimos estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e confirmado no Sexto Relatório de Avaliação (AR6)”.
Mar invadindo faixa de areia e calçada em Santos (SP) — Foto: Prefeitura de Santos/Arquivo Carlos Nogueira
Objetivos estabelecidos pelo PAC:
- Revisão do Plano Diretor e da Lei do Uso e Ocupação do Solo, levando em consideração as questões climáticas;
- Criação e implementação do sistema de Índice de Risco Climático e Vulnerabilidade Socioambiental (ICVS) e mapeamento das áreas de risco;
- Elaboração do plano habitacional para áreas de risco;
- Cultivo de 10 mil árvores;
- Substituição de, pelo menos, 20% da frota do serviço público de transporte de passageiros por veículos não emissores, reduzindo a emanação de poluentes e de ruídos urbanos.
As metas correspondem a oito eixos:
- Planejamento urbano sustentável e meio ambiente;
- Redução de vulnerabilidades e gestão de riscos climáticos (desastres naturais);
- Inclusão e redução da vulnerabilidade social;
- Resiliência urbana e soluções baseadas na natureza;
- Resiliência na zona costeira, estuário, praia, rios e canais;
- Gestão de infraestrutura, incluindo recursos hídricos, saneamento, transporte e estrutura portuária;
- Inventário de emissores de gases de efeito estufa (GEE) e plano municipal de mitigação de GEE;
- Governança e participação na gestão climática.