Mãe ficou surpresa com a aprovação da filha, que sequer tinha preparado uma apresentação solo para ser avaliada: “só escutou e fez os movimentos sentindo a música”.
Conquistar um espaço na Escola do Teatro Bolshoi em Joinville, em Santa Catarina (SC), é o que muitos bailarinos almejam durante a carreira. A pequena Laura Barretto Messias da Silva, de Cubatão (SP), alcançou essa vitória com apenas 9 anos e dá orgulho para toda a família, além das professoras que a ajudaram nessa missão.
Laura esteve entre os mais de 4 mil candidatos no processo seletivo para preencher 400 vagas. Aprovada, ela será treinada na única filial brasileira do Teatro Bolshoi, com origem Rússia, e que é considerada a maior companhia de balé do mundo.
Mirian Barretto Messias, funcionária pública de 41 anos, contou que o balé é o centro da vida da filha. Laura começou as aulas em fevereiro do ano passado, no Estúdio de Dança Jhully Batista, onde, acompanhada de sapatilhas, viu crescer o sonho de se tornar uma profissional.
“Quando ela começou a fazer ficou encantada. Não queria perder uma aula”, contou a mãe da pequena.
Alta competitividade
A família descobriu o processo seletivo para o Bolshoi por intermédio da professora Jhully. Em maio, Mirian inscreveu a filha para a pré-seleção em Bertioga, no litoral paulista, mas a data coincidiu com um dos espetáculos da menina. Elas acabaram perdendo o dia, o que deixou Laura bem decepcionada.
Quando Mirian descobriu a pré-seleção que ocorreria em Colombo (SC), no mês seguinte, não pensou duas vezes e embarcou com a filha rumo a cidade. Aprovada na primeira etapa, ela ainda passou por outras fases, em outubro, no próprio teatro do Bolshoi, em Joinville.
A menina ainda foi avaliada por uma médica fisioterápica, e fez prova de português e matemática. As últimas fases consistiram em duas avaliações artísticas: uma individual e outra em grupo e individual.
Laura e professora Jhully em espetáculo de dança — Foto: Arquivo pessoal
“Lá, no momento em que estávamos aguardando, eu observei que algumas crianças estavam falando sobre solo [quando o bailarino se apresenta desacompanhado]. E aí uma amiguinha perguntou para ela: Laura, como é o seu solo?’, lembrou Mirian, que se surpreendeu pelo talento e frieza da filha em driblar um momento de adversidade.
Laura não havia preparado uma apresentação do gênero e, segundo a mãe: “só escutou e fez os movimentos sentindo a música”.
“Nós as levamos para que participasse mesmo da experiência, mas foi uma surpresa ela ter conseguido. Não era por não acreditarmos no potencial dela, mas porque vimos que eram muitas crianças, de todos os lugares do Brasil e do exterior. Algumas delas já estavam se preparando há algum tempo para essa seletiva”.
Agora, a menina e o restante da família se organizam para efetuar a mudança até fevereiro, quando o curso começa. “A Laura é uma criança muito tímida, então eu entendo que nesse primeiro ano vai ser uma fase de adaptação”, adiantou.