Welton Portela, de 38 anos, quase caiu para frente na hora de sair do veículo. Vídeo mostra a mobilização do motorista e passageiros.
O transporte público municipal de Cubatão (SP), vem gerando constrangimento frequente a um cadeirante de 38 anos com paralisia cerebral. Devido a um problema no elevador de um ônibus, Welton Portela precisou ser carregado pelo motorista para sair do veículo e, por pouco, não caiu.
Neste sábado (23), a dona de casa Célia Maria afirmou que os ônibus da Linha 2 (Vila Esperança/Centro) não passam por manutenção. O marido dela não tem movimento nas pernas, se comunica com dificuldade e utiliza uma cadeira de rodas motorizada para ter mais independência.
O registro da experiência, segundo ela, traumática foi feito na última terça-feira (19). “Tinha uns homens no ponto que já chegaram perto para ajudar. Ele, sentado na cadeira, por pouco não caiu, porque a cadeira ficou muito inclinada para frente. Isso é humilhante”, disse Célia.
Cadeirante foi carregado pelo motorista devido a um problema no elevador, que parou de descer em Cubatão (SP) — Foto: Arquivo pessoal
‘Não subia nem descia’
O casal pegou o ônibus na manhã daquele dia com destino ao Centro da cidade. O elevador apresentou um pequeno problema na hora do embarque, mas sair do veículo foi ainda mais complicado.
No vídeo é possível ver quando o condutor do coletivo e passageiros se mobilizam para ajudar Welton (assista acima). De acordo com a esposa dele, o fio do fusível do elevador soltou, então não havia como descer.
“O elevador não subia nem descia. O motorista me ajudou, pegou ele nos braços, desceu ele, colocou ele sentado no ponto de ônibus. Depois, outras pessoas, até um senhor de idade, ajudaram a descer a cadeira”.
Dor e constrangimento
Essa não foi a primeira experiência ruim do cadeirante com o transporte coletivo local. Certo dia, segundo Célia, foi necessário aguardar mecânicos chegarem para fazer os reparos no ônibus e seguir com a viagem. Alguns motoristas já se preparam levando pedaços de ferro para dar “batidinhas” no elevador e fazê-lo funcionar.
“Os motoristas estão ali para fazer o trabalho deles, mas têm a boa vontade de ajudar. Num acontecimento desse, eles sempre me ajudaram. Todos. Mas, em compensação, a manutenção desses ônibus é péssima. É horrível, mesmo”.
A situação não somente prejudica o psicológico de Welton, mas também causa angústias físicas. Ele tem placas de platina nas duas pernas, então o ato de pegá-lo no colo acaba sendo bem dolorido e constrangedor.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Santos informou que a Companhia Municipal de Trânsito de Cubatão (CMT) não foi acionada nos canais de ouvidoria sobre a possível irregularidade, mas que o caso será averiguado.
“A CMT garante que realiza blitze constantes e, na mais recente, há menos de duas semanas, não foram encontrados problemas nos elevadores dos ônibus do transporte público municipal”, completou.