Jovem, de 26 anos, afirmou ter acionado a loja na Justiça. Ele estava com a namorada no momento da abordagem em Peruíbe (SP). A empresa foi procurada, mas não se manifestou.
![](https://bstv.com.br/wp-content/uploads/2024/04/acusado-furto-2.jpg)
Um garçom, de 26 anos, foi acusado por funcionários de uma loja em Peruíbe, no litoral de São Paulo, de ter furtado uma mochila que ele havia comprado no mesmo comércio um mês antes. O jovem contou ter sido julgado pela aparência, ter sofrido racismo e que acionou a empresa na Justiça.
O jovem, que prefere não se identificar, contou ter ido ao centro da cidade com a namorada para ela comprar um sapato de salto alto. Os dois entraram na loja, localizada na Avenida Padre Anchieta, mas como não gostaram das opções deixaram o estabelecimento.
De acordo com o jovem, o casal estava em direção a outra loja quando foi abordado por dois funcionários do comércio, que havia acabado de sair (veja o vídeo acima).
“Eles puxaram e apertaram o meu braço. Eu interpretei como uma forma de agressão porque eu me senti constrangido e senti que o cara estava querendo me bater”, afirmou o garçom.
O jovem contou à equipe de reportagem que, no momento da abordagem, um dos funcionários disse que a gerente tinha visto nas câmeras de monitoramento o rapaz furtando a mochila.
Nas imagens obtidas é possível ver o momento em que a dupla acusa o garçom e o conduz de volta à loja de calçados. Assim que entrou no comércio, uma mulher se apresentou como a gerente. Diferente do discurso usado pelos funcionários na abordagem, ela disse ter sido informada sobre o suposto crime por um cliente e que não seria possível ver as imagens das câmeras.
![Funcionário aborda o garçom (de boné vermelho) durante acusação de furto a loja em Peruíbe (SP) — Foto: Arquivo pessoal](https://s2-g1.glbimg.com/TusvfJ4ozkq9iBhKttdK5sg_3SA=/0x0:1200x800/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/7/M/T4I65pQjGC0Fi1WUureA/vit.png)
Funcionário aborda o garçom (de boné vermelho) durante acusação de furto a loja em Peruíbe (SP) — Foto: Arquivo pessoal
O garçom contou não ter saído do lado da namorada e que ela não foi acusada de furto. A mulher, inclusive, recebeu um pedido desculpas da gerente pela situação.
Por conta da diferença no tratamento, o jovem acredita ter sofrido preconceito por ser negro, ter tatuagens no rosto e estar com um colar guia de Umbanda — religião com influência africana.
“Eu não sei a intenção dele [funcionário] e porque me acusou de uma coisa que eu não fiz […]. Eu tinha acabado de sair do meu trabalho e ele me julgou pela minha aparência. Eu estava com a minha namorada e eles não falaram nada para ela”, apontou o garçom.
Depois da acusação e de ter voltado à loja, o jovem disse que a namorada recebeu um pedido de desculpas e que as imagens das câmeras de monitoramento só seriam cedidas por determinação judicial. Na sequência, o casal foi embora.
![Funcionários acusaram garçom que estava com mochila comprada há um mês no estabelecimento — Foto: Arquivo pessoal](https://s2-g1.glbimg.com/l4RpgXwGmTTzjfISEpgHSOvslEA=/0x0:1200x800/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/R/D/MSwqu7TlAqMawN4YPCqw/acusado-furto-2.jpg)
Funcionários acusaram garçom que estava com mochila comprada há um mês no estabelecimento — Foto: Arquivo pessoal
Ação judicial
O caso aconteceu em 25 de janeiro. No mesmo dia, o garçom contou ter registrado um boletim de ocorrência por calúnia e procurou o advogado Mario Bernardes.
Na última semana, a defesa entrou com uma ação judicial pedindo R$ 50 mil de indenização por danos morais. De acordo com o advogado, uma das argumentações usadas foi a acusação de furto ter sido fundamentada em preconceito, racismo e discriminação.
“A indenização por dano moral não tem só a finalidade de reparar o dano. Ela também tem um caráter pedagógico de punir a empresa ou a pessoa física pelo ato cometido. Ingressamos a ação contra a pessoa jurídica que é responsável pelos funcionários”, afirmou Mario.
A ação, porém, tem como base o constrangimento sofrido por Edson ao ser abordado pelos funcionários no meio da rua.
“É muito vergonhoso porque tinha muita gente […]. Eu me senti mal e fiquei triste. Eu estou psicologicamente abalado pela situação”, disse o garçom.
Em contato com a Kallan Calçados, mas não teve retorno até publicação desta reportagem.