Mulher de 47 anos alega ter sido abordada de forma “truculenta” por funcionário da farmácia em Santos (SP).
Uma jornalista, de 47 anos, alega ter sido vítima de injúria racial ao ser acusada de furtar um desodorante em uma farmácia em Santos, no litoral de São Paulo. A mulher disse que foi seguida e abordada na rua por funcionários do comércio. “Um deles era muito truculento. Ele me intimidou”, lamentou.
A mulher, que preferiu não se identificar, acionou a Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência (BO) sobre o caso que, segundo ela, aconteceu na Avenida Senador Pinheiro Machado, no bairro Pompéia, na noite de segunda-feira (21).
A jornalista disse que entrou na unidade da Drogasil em busca de um desodorante, pois trabalhava em uma campanha de marketing do produto. Ela afirmou ter sido abordada pelos funcionários enquanto voltava para casa, no mesmo bairro, após não encontrar o item nos comércios próximos.
“Levei um susto porque não entendi direito o que era. Um deles era muito truculento. Ele me intimidou, avançou na minha direção ao ponto de eu dar passos para trás”, lembrou a mulher. “Como eu estava de fone de ouvido, não entendi direito o que ele queria”.
A RD Saúde informou, por meio de nota, que apura o caso na unidade da Drogasil em Santos (SP). O estabelecimento afirmou também que colabora com as investigações. “A empresa reafirma seu compromisso em promover um ambiente de zero discriminação e lamenta qualquer conduta que esteja em desacordo com as normas da companhia”, declarou.
Mulher diz ter sido acusada injustamente de furtar desodorante em farmácia em Santos (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Acusação de furto
A jornalista disse ter sido abordada e acusada por um segurança e um supervisor da farmácia de pegar o desodorante e escondê-lo na bolsa. “Fiquei transtornada”, lembrou ela.
A mulher afirmou que rebateu as acusações e ameaçou acionar a polícia por conta da acusação. Apesar disso, ainda de acordo com o relato, o segurança insistiu que ela havia cometido o crime, pedindo para que retornassem ao estabelecimento para checar as câmeras de monitoramento.
“Ele foi me acusando o caminho inteiro, o supervisor tentando acalmar [o colega] e fazer com que eu fosse embora, com que eu desistisse, mas já tinha acontecido a acusação, a abordagem, o crime”, pontuou a jornalista, que ligou para a irmã advogada e para o marido.
Injúria racial
Já no estabelecimento, ainda segundo a mulher, o supervisor deixou o segurança em uma área restrita enquanto conversava com ela. “[Ele] não admitia que tinham errado. Ele usava: ‘Provavelmente ele [segurança] se enganou’. Isso é uma segunda agressão”, comentou.
A jornalista destacou que, quando entrou na farmácia, percebeu outras pessoas olhando para as prateleiras. Diante disso, ela deduziu que o segurança usou o “critério racial” para acusá-la.
“Como pessoa preta que já passou por situações parecidas, [apesar de] nunca nesse extremo […], sei qual é o critério”, afirmou ela.
De acordo com a mulher, o segurança se sentiu no direito de fazer a abordagem na rua, o que foi repreendido pelos PMs que atenderam a ocorrência.
“O que mais me entristeceu é que, se eu não fosse uma pessoa instruída e sabendo dos meus direitos, talvez não teria levantado a voz para ele e não teria enfrentado de igual para igual”, disse.
Por fim, a mulher afirmou ter ficado chateada em pensar sobre outras pessoas passando por situações do tipo no Brasil. “São humilhadas porque não se sentem seguras o suficiente para enfrentar e procurar justiça”, ressaltou ela.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência de desinteligência. “No local, os agentes apuraram que uma cliente de uma farmácia foi acusada de furto por um funcionário. A mulher relatou racismo na ação, e o funcionário reconheceu o erro e pediu desculpas. Os policiais orientaram as partes para o registro da ocorrência na Polícia Civil”.