Garoto pedalava pela Estrada Municipal do bairro Ribeirão de Registro (SP) quando foi atacado. Ele está internado sem previsão de alta médica.
Caso ocorreu em Registro (SP) — Foto: Rinaldo Rori/TV Tribuna e Arquivo Pessoal
Uma cadela morreu e um menino de 12 anos ficou ferido após serem atacados por dois pit bulls em Registro, no interior de São Paulo. Conforme apurado, o adolescente estava pedalando quando os animais o morderam nas pernas e nos braços. Ele passou por uma cirurgia e está internado em um hospital da cidade, sem previsão de alta médica
A mãe do menino, Gabriela de Oliveira Silvano, de 36 anos, contou à equipe de reportagem que o filho voltava da casa de um amigo pela Estrada Municipal do bairro Ribeirão de Registro, na terça-feira (29), quando viu os dois pit bulls atrás dele.
“Foi um choque. Passou um milhão de coisas na minha cabeça e eu não gosto nem de lembrar”, contou a mãe que foi avisada sobre o ocorrido pela filha, de 20 anos.
Gabriela explicou que um homem, não identificado, jogou o carro na direção dos cachorros e conseguiu afastá-los após escutar os pedidos de socorro do menino. “Foi um susto enorme”, afirmou a mãe.
Cadela morreu
Em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da Globo, a agricultora Patrícia Soares Arruda contou que foi ajudar o menino e a cadela dela escapou para a rua. Neste momento, a cachorra foi atacada e morta pelos pit bulls.
“O menino vinha andando e os […] pit bulls [estavam] em cima dele, mordendo”, disse. “O meu medo era de que os cachorros o matassem e eu não pudesse fazer nada”, completou a Patrícia, que ofereceu água com açúcar para acalmar o menino, antes dele ser levado ao hospital pelo homem que interrompeu o ataque.
Segundo Gabriela, o filho deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas precisou ser transferido com urgência para o Hospital Regional de Registro. Ainda de acordo com ela, o menino fez uma “reconstrução dos tecidos”, que é uma cirurgia para restaurar a aparência e função das áreas lesionadas.
Menino de 12 anos foi hospitalizado após ser atacado por dois cães da raça pit bull em Registro (SP) — Foto: Rinaldo Rori/TV Tribuna e Arquivo Pessoal
Investigações
Gabriela acredita que o ataque foi resultado da irresponsabilidade dos tutores dos pit bulls. Segundo ela, a dona entrou em contato para pedir desculpas e oferecer todo o suporte necessário ao menino. “Deixando claro que até o momento só está em palavras”, afirmou a mãe.
O delegado do 1º Distrito Policial (DP) de Registro, Filipe Costamilan Pereira, informou que os pit bulls foram recolhidos pelos donos, que tinham outros dois cães filhotes da mesma raça. “Estamos investigando de que modo esses cães foram parar na rua sem nenhum tipo de coleira”, afirmou ele.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou, por meio de nota, que o caso foi registrado como lesão corporal e omissão de cautela na guarda de animais. De acordo com a pasta, a tutora dos animais foi localizada e conduzida à delegacia, onde prestou depoimento. As investigações continuam.
Menino de 12 anos estava andando de bicicleta quando foi surpreendido pelos cães da raça pit bull — Foto: Rinaldo Rori/TV Tribuna e Arquivo Pessoal
Em contato com a tutora dos pit bulls, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Pit bull
Recentemente, uma idosa, de 73 anos, disse ter sido atacada por um pit bull em Cubatão (SP) e levado mais de 15 pontos no braço direito. Na ocasião, o médico veterinário e ex-criador de pit bull, Maurício Souza de Moura, explicou que a raça é um cão médio e que foi desenvolvido nos Estados Unidos.
De acordo com o especialista, todas as raças foram criadas para uma função e, com o passar do tempo, transformaram-se em animais de estimação. “Ele [pit bull] foi criado originalmente para uma função de combate entre cães em uma época que era uma atividade permitida”, explicou ele.
Como foi criada para esse conflito, Maurício explicou que é uma raça agressiva com outros animais, mas não com humanos. “Um pit bull puro [sem cruzamento com outras raças], que tem uma característica de ser agressivo com pessoas, ele tem um desvio de comportamento. É uma coisa que não era da raça”, disse.
Pitbull (imagem ilustrativa) — Foto: Yohan Cho/Unsplash
Como se proteger?
Para se proteger de um ataque de cachorro, Maurício disse que a orientação é tentar trazer frieza para o momento, mesmo que seja difícil. A vítima deve ficar em pé, com uma postura reta e tentando afastar o animal.
“A pessoa que está em uma situação dessa tem diversas reações que são explicadas por um mecanismo de luta e fuga. É um mecanismo instintivo”, explicou Maurício. “Muitos ataques de cães poderiam ser evitados com uma postura corajosa do humano”, acrescentou.
Caso não seja possível evitar, o veterinário disse que o ideal é continuar em pé e fazer com que o cachorro morda partes mais fáceis de serem recuperadas e que não arrisquem a própria vida, como o braço.
O que fazer com o cachorro?
Se o ataque acontecer dentro de casa, Maurício afirmou que o tutor precisa entender qual foi o gatilho daquele comportamento com a ajuda de especialistas. Caso o adestramento e medicamentos não funcionem, é preciso levar o animal para um centro de reabilitação especializado. A eutanásia deve ser a última opção.
Caso tenha sido com uma pessoa na rua, o especialista disse que o tutor deve avaliar a falta de responsabilidade no cuidado com o animal. O cachorro tem que andar com guia curta, enforcador e focinheira. Mesmo que seja manso, Maurício afirmou que essas regras estão na legislação.