Família de jovem morto em operação da PM diz que não houve confronto e homem ‘foi pisado’ após ser baleado

Vinícius de Souza Silva tinha feito aniversário um dia antes da morte. Polícia afirma que jovem foi atingido durante troca de tiros. Irmão do rapaz confirmou que era envolvido no crime, mas não atirou nos policiais.

Vinícius de Souza Silva, o jovem baleado pela Polícia Militar (PM) em Santos, tinha completado 20 anos um dia antes de ser morto. Ele chegou a celebrar o aniversário com familiares, que contestaram a versão dos policiais sobre a morte. A irmã disse que o rapaz não esteve em confronto com a PM e chegou a ser espancado após ser alvejado.

Segundo o boletim de ocorrência, o homem foi atingido na segunda-feira (21), após troca de tiros com os policiais no Morro Santa Maria durante a Operação Escudo. A morte de Vinícius foi a 20ª durante a ação policial em vigor desde 28 de julho, após o PM da Rota Patrick Bastos Reis ter sido assassinado durante patrulhamento na Vila Julia, um dia antes.

O rapaz baleado chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado à Santa Casa de Santos. Em nota, o hospital informou que o paciente deu entrada na unidade sem vida.

“Ele foi morto na covardia, bateram nele”, disse a irmã Nathalia Lima da Silva Costa, de 24 anos. Ela contou que morava com o Vinícius e a mãe na Vila Progresso.

A Secretaria de Segurança de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que foram apreendidas uma pistola e porções de cocaína e maconha com o homem. No entanto, Nathalia garantiu que o irmão não disparou contra os agentes. “Não teve tempo para isso”, afirmou.

Segundo a irmã, o jovem estava no local no momento errado. “Os policiais o viram e fizeram o que eles queriam”, disse Nathalia. Ela foi até o endereço onde o irmão foi morto assim que soube que Vinícius tinha sido atingido, mas não encontrou o irmão e seguiu em busca pelos hospitais da cidade.

“Alegaram que tinha ido para Santa Casa, mas eu tinha ido em todos os hospitais e ele não estava. […] mentiram para a gente, o esconderam da gente e depois de duas horas mandaram ele para a Santa Casa”.

Já no hospital, Nathalia constatou que Vinícius tinha sinais de espancamento. “[Estava] com terra até dentro do nariz. Foi pisado, espancado”, disse a mulher, informando que o corpo ainda está no Instituto Médico Legal (IML) e, por isso, não há informações sobre velório e sepultamento.

Vida no crime

A reportagem teve acesso a dois mandados de prisão expedidos contra Vinícius. Nathalia confirmou que o irmão se envolveu com o crime, mas não merecia a morte. “Como ninguém se entrega para polícia, ele ficou escondido no morro e os policiais já vinham passando por aqui falando que queria a vida dele e de mais pessoas”, afirmou.

Para ela, todos merecem uma nova oportunidade. “O que fizeram com meu irmão não é certo. Eles [policiais] estão rindo da gente. Passam aqui e dão risada […]. Estão rindo porque sabem que nada vai acontecer, vai ficar por isso mesmo”, lamentou.

Questionada sobre as acusações da família, a SSP-SP não retornou até a publicação desta matéria.

Homem morre após ser baleado em operação policial no Morro Santa Maria, em Santos, SP — Foto: Reprodução

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui