Filha de idosa que morreu eletrocutada em passagem de ciclone pede investigação policial

Iracy Alves de Oliveira, de 80 anos, não resistiu após sofrer uma descarga elétrica em Itanhaém (SP). Família quer investigar se empresa responsável por energia poderia ter evitado acidente.

Claudinelia Oliveira e Silva Santos, uma das filhas da idosa que morreu vítima de descarga elétrica em Itanhaém, no litoral de São Paulo, pediu uma investigação policial sobre o acidente que tirou a vida da mãe. A dona de casa contou que quer esclarecer se a morte de Iracy Alves de Oliveira poderia ter sido evitada.

A idosa de 80 anos morreu após sofrer uma descarga elétrica durante uma ventania em julho deste ano. Ela teria tocado em um cabo de média tensão, que se rompeu após ser atingido por galhos de uma árvore. As rajadas de vento foram provocadas por um ciclone extratropical na Baixada Santista.

Claudinelia, por meio do advogado Diego Renoldi Quaresma de Oliveira, encaminhou um pedido de instauração de inquérito policial ao delegado de polícia responsável pelo caso na última semana.

“Eu quero apurar os fatos que aconteceram, se foi negligência […]. A morte da minha mãe não vai ficar assim. Eles [policiais] vão ter que resolver essa questão sobre o culpado”, disse Claudinelia.

A filha esclareceu que, apesar da idade de Iracy, ela não tinha qualquer problem. “A saúde dela era plena”, enfatizou Claudinelia. A mulher ainda contou que a família não recebeu auxílio da empresa concessionária de energia Elektro. “Ninguém procurou a gente que é família, ninguém procurou para conversar nem nada”, afirmou.

Iracy tinha 80 anos e não tinha problemas de saúde, segundo filha. — Foto: Arquivo Pessoal

Iracy tinha 80 anos e não tinha problemas de saúde, segundo filha. — Foto: Arquivo Pessoal

Inquérito

Na prática, o documento enviado à Polícia Civil solicita a abertura de uma investigação do ponto de vista criminal. “Com base na perspectiva de que uma pessoa morreu, existe a possibilidade de instaurar o inquérito para apurar se houve falha de algum responsável da companhia [responsável pela energia] em zelar por essa segurança”, explicou o advogado.

Segundo Diego, a defesa da família possui como elemento de prova o áudio de uma vizinha da vítima que ligou para a Neonergia Elektro na madrugada do dia 13. A mulher alertou a empresa sobre duas quedas de energia na região. No entanto, o funcionário que atendeu a ligação informou que iria apurar o caso após às 6h da manhã.

Ele contou que o objetivo é que os policiais analisem todos os documentos do caso, como laudo necroscópico e da perícia no local, e escutem testemunhas, como vizinhos e funcionários da empresa.

Em seguida, a autoridade policial deve concluir se houve um crime culposo [sem a intenção] ou se foi uma fatalidade. “É um pedido inicial, um pontapé”, ressaltou o advogado. De acordo com ele, os autos com a conclusão da Polícia Civil serão enviados ao Ministério Público para que sejam tomadas as providências legais.

“Quem fiscaliza a atividade externa da polícia é o Ministério Público, é quem tem a palavra final se é um caso de denúncia ou de arquivamento. Então o papel do advogado é provocar a autoridade policial para que investigue o caso, porque uma pessoa morreu e é preciso ser apurado qual foi o motivo da morte, se alguém é responsável por ela ou não”, finalizou.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso é investigado pelo 2º DP de Itanhaém e a equipe da unidade trabalha para esclarecer todas as circunstâncias dos fatos.

Procurada pela equipe, a Neoenergia Elektro não se manifestou sobre a instauração do inquérito até a publicação desta reportagem.

Relembre o caso

Acidente aconteceu na Rua Bartira, no bairro Iemanjá, em Itanhaém. — Foto: g1 Santos

Acidente aconteceu na Rua Bartira, no bairro Iemanjá, em Itanhaém.

De acordo com a Polícia Militar (PM), a vítima Iracy Alves de Oliveira e Silva foi encontrada na calçada da Rua Bartira, no bairro Iemanjá, na manhã do dia 13 de julho.

A idosa teria encostado no fio após sair de casa para ver o que tinha causado falta de energia no imóvel. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e verificou que a vítima ainda estava com fio energizado sobre o corpo. Por isso, foi necessário o desligamento da energia pela empresa concessionária.

Na ocasião, a Neoenergia Elektro lamentou o ocorrido. “A empresa esclarece que a queda de um galho de árvore, após rajadas de vento de maior intensidade, provocou o rompimento de um cabo de média tensão e, consequentemente, o contato acidental”, disse, em nota.

A distribuidora informou ainda que, após ser acionada, imediatamente enviou técnicos ao local. Eles isolaram a área e adotaram as medidas cabíveis. “A Neoenergia Elektro seguirá analisando o caso e se coloca à disposição da família e das autoridades para prestar o apoio e esclarecimentos necessários”.

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