Justiça condena homem que quebrou braço de idoso por ‘buzinar demais’

João Batista Dias Filho recorrerá a decisão, mas optou por pagar uma indenização a Silvio Siqueira da Silva. Caso aconteceu em São Vicente (SP) e foi filmado.

O homem que agrediu e quebrou o braço de um idoso durante uma briga de trânsito em São Vicente, no litoral de São Paulo, foi condenado a um ano e dois meses de prisão em regime aberto. João Batista Dias Filho também terá que pagar uma indenização de R$ 6 mil por danos morais e R$ 4,2 mil por danos materiais à Silvio Siqueira da Silva. A briga de trânsito foi registrada em vídeo e teve repercussão nacional.

O caso aconteceu em abril de 2022. Segundo apurado na época, a agressão foi motivada pelo fato de o idoso ter “buzinado demais” ao volante. A ação teria deixado o agressor enfurecido. Dias foi em direção ao aposentado, puxou o braço dele para fora da janela do carro e só o largou após tê-lo quebrado.

As sentenças saíram nos meses de agosto e setembro. De acordo com os documentos obtido pela reportagem, Dias não se “conformou com a sentença” de um ano e dois meses de prisão em regime aberto e recorreu a decisão. A Defensoria Pública auxilia o homem no processo criminal.

Homem que quebrou braço de idoso que 'buzinou demais' é condenado a prisão em regime aberto — Foto: g1 Santos

Homem que quebrou braço de idoso que ‘buzinou demais’ é condenado a prisão em regime aberto

Já na ação cível, o advogado Claudio Souza de Melo é o responsável pela defesa de Dias. Segundo ele, o homem teve a vida abalada, foi ameaçado e não se sente feliz com o ocorrido. Por este motivo, optou por não recorrer a decisão e pagará os danos morais e materiais ao idoso.

O advogado afirmou que Dias teria sido condenado pela opinião pública pelo vídeo, sem avaliação do contexto. “[As imagens] demonstram apenas a reação após a agressão anterior que ele sofreu. Ele reagiu em defesa própria e da sua esposa que o acompanhava”, disse Melo.

Tentamos contato com a defesa de Silvio Siqueira da Silva, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Versão do agressor

Agressor puxa o braço da vítima para fora do veículo e só solta quando o quebra — Foto: Reprodução/Sou Mais São Vicente

Agressor puxa o braço da vítima para fora do veículo e só solta quando o quebra — Foto: Reprodução/Sou Mais São Vicente

Na época, Dias deu sua versão do caso. De acordo com ele, tudo começou porque o outro motorista circulava em baixa velocidade por uma via de São Vicente.

“Ao perceber que ele [o outro motorista] não ia dar passagem, passei pela direita. Acho que ele ficou um pouco enfurecido […] Quando parei, ele emparelhou comigo, me ameaçando de morte. Ele falou: ‘Você quer morrer?’. E fez um sinal de arminha para mim. Fui seguindo, porque ele me fechou de novo.”

Dias afirma que, mais à frente, viu o outro motorista se abaixando no banco do carro e que, por isso, imaginou que o aposentado estivesse pegando uma arma. Então, saiu do carro e pegou o braço do idoso.

Ele contou que realmente viu uma pistola no console do carro do outro motorista. Por isso, continuou segurando o braço do homem. O agressor disse que, quando o sinal abriu, ninguém foi ajudá-lo e não havia policiamento na região.

“Quebrei o braço dele. Dá para ver isso na filmagem claramente, não vou mentir. Estou aqui para expor isso, por Justiça. Quis quebrar o braço dele porque eu não tinha opção. Se não quebro, quando eu virasse as costas, ele me baleava. Eu ia ser só uma vítima fatal.”

Versão da vítima, um motorista de aplicativo

Vítima ficou com região do cotovelo inchada após agressão no trânsito — Foto: Arquivo Pessoal

Vítima ficou com região do cotovelo inchada após agressão no trânsito — Foto: Arquivo Pessoal

Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da TV Globo, Silvio Siqueira da Silva revelou que jamais imaginou passar por algo parecido. “Se alguém buzina para mim, eu não agiria dessa forma. Acho que não é necessário tudo isso”, disse.

Devido a luxação no cotovelo esquerdo, o homem, que é motorista de aplicativo, precisou ficar sem trabalhar por um tempo. De acordo com o documento da sentença, ele precisou fazer fisioterapia e ainda tem sequelas.

A esposa da vítima, que preferiu não ser identificada, revelou na época que o sentimento é de indignação pelo ocorrido: “Foi uma brutalidade tremenda, uma falta de amor ao próximo. Ninguém merece isso. O agressor não merece viver em sociedade. Ele é um monstro”.

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