Ministério Público Federal alega que Valter Suman e Marcelo Nicolau não comprovaram a origem dos valores encontrados em imóveis. Defesa do prefeito diz que ele não foi notificado.
O Ministério Público Federal denunciou à Justiça prefeito de Guarujá, Válter Suman (PSDB), e o secretário de Educação, Marcelo Nicolau. Após análise, o MPF apontou que os dois estão envolvidos em fraudes a licitações e o desvio de verbas públicas destinadas à execução de ações e serviços de saúde de Guarujá, relacionadas à denominada Operação Nácar, da Polícia Federal.
Segundo documentos obtidos pela TV Tribuna, afiliada da Globo, o prefeito Valter Suman é denunciado quatro vezes pelo crime de lavagem de dinheiro, por conta do material apreendido no dia 15 de setembro de 2021, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão durante a Operação Nácar.
Na ocasião, as equipes visitaram quatro lugares diferentes relacionados ao prefeito e encontraram grandes valores em dinheiro. No apartamento do prefeito, em Guarujá, foram encontrados R$ 70 mil. Já em um flat, no bairro do Gonzaga, em Santos, cerca de R$ 300 mil estavam dentro de um cofre. No gabinete do prefeito, os policiais federais encontraram R$ 42.600 dentro de um armário, em uma caixa de luvas.
Já em um apartamento em São Paulo, onde estava Marcelo Nicolau, foram apreendidos mais de R$ 1.300 milhão. O imóvel pertence a família de Suman. Como Marcelo Nicolau estava no imóvel, ele também foi denunciado.
O Ministério Público Federal alega que Valter Suman e Marcelo Nicolau não comprovaram a origem dos valores. O desembargador Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, decidiu que o prefeito e o ex-secretário de Educação, e seus respectivos advogados, sejam notificados. Ele deu um prazo de 15 dias para eles apresentarem a defesa em relação à denúncia do MPF.
Secretário de Educação afastado de Guarujá, Marcelo Nicolau — Foto: Luciana Moledas
Defesas
A defesa de Marcelo Nicolau informou que já apresentou provas que indicam que o ex-secretário não tem ligação com as denúncias apresentadas e que comprovou a origem legal do que foi apreendido com ele.
O prefeito de Guarujá, Válter Suman, informou que, até o momento, não foi citado ou notificado a respeito da denúncia do Ministério Público e ressalta que segue trabalhando. A sua plena defesa, com documentação comprobatória, será apresentada no prazo legal após a sua citação.
Prefeito de Guarujá, Valter Suman, foi preso durante operação da Polícia Federal — Foto: Addriana Cutino
Presos em 2021
Em junho de 2021, o prefeito de Guarujá, Válter Suman (PSDB), e o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, foram presos em flagrante após a Polícia Federal (PF) localizar quase R$ 2 milhões em imóveis que estão ligados aos dois investigados.
A investigação apontou um suposto desvio de mais de R$ 109 milhões, conforme o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Ambos foram presos durante a ‘Operação Nácar’, da Polícia Federal, que apura um esquema de desvio de dinheiro na rede pública de saúde.
Os dois foram conduzidos pela própria PF para audiência de custódia no Fórum Federal de Santos. Na ocasião, ambos retornaram para a Penitenciária I de São Vicente.
Em setembro do mesmo ano, os dois saíram do presídio após a Justiça Federal conceder liberdade provisória. O prefeito retornou ao cargo em junho de 2022. Ele estava afastado do cargo desde 29 de março, por ser investigado na Operação Nácar.