Bandido foi morto com vários disparos ao tentar invadir uma residência no bairro Jardim Virgínia, em Guarujá (SP). Polícia Civil segue investigando o caso.
Uma tia e o sobrinho, que estavam na sala de casa, reagiram a um assalto e mataram um criminoso, de 21 anos, que havia invadido o imóvel da família em Guarujá, no litoral de São Paulo. Reuniu-se o que se sabe e o que falta esclarecer sobre a ação, que durou menos de um minuto e é investigada pela Polícia Civil.
O caso ocorreu no bairro Jardim Virgínia, na tarde do último sábado (22). Em vídeo de câmeras de monitoramento, é possível observar outro criminoso estacionando a motocicleta enquanto o bandido que foi morto invadia a casa. Pouco depois, ao ouvir os disparos, o comparsa fugiu do local.
O que se sabe?
- 1. Dupla envolvida no assalto
- 2. Reação em segundos
- 3. Armas sobre a mesa
- 4. Posse de arma
- 5. Legítima defesa
O que falta saber?
- 6. Identificação do comparsa
- 7. Resultados periciais
- 8. Por que o bandido não atirou?
- 9. Fuga lenta de comparsa
1. Dupla envolvida no assalto
Imagens obtidas mostram que os dois homens chegaram à casa das vítimas no bairro Jardim Virgínia em uma motocicleta. No vídeo, é possível ver outro bandido estacionando o veículo enquanto o homem que foi morto invadia a casa. Pouco depois, ao ouvir os disparos, o comparsa fugiu do local.
A Polícia Civil ainda trabalha para identificar e localizar o criminoso (veja mais abaixo)
2. Reação em segundos
A reação de tia e sobrinho, que dispararam contra o criminoso, durou menos de um minuto. Ainda com base no vídeo, obtido pela equipe de reportagem, o assaltante morto entrou na casa às 14h13 e, antes das 14h14, o comparsa ouviu os tiros e fugiu de moto sozinho.
3. Armas sobre a mesa
(À esq.) Arma usada pelo criminoso que foi morto no roubo e (à dir.) armas usadas pela mãe e o filho, em Guarujá (SP) — Foto: Matheus Croce
De acordo com o boletim de ocorrência (BO), as armas estavam sobre a mesa da sala e, quando o bandido entrou, as vítimas as pegaram e atiraram.
O delegado Wagner Camargo Gouveia disse que o sofá fica grudado à mesa onde o sobrinho estava. Sendo assim, quando estavam sentados e viram o homem chegando, logo atiraram (veja mais detalhes abaixo).
4. Posse de arma
O delegado Wagner Camargo Gouveia confirmou que a família tem o registro de três armas de fogo, que estão legalizadas. A autoridade disse que o criminoso tinha passagens por roubo, receptação, porte de arma e violência doméstica.
5. Legítima defesa
Luiz Fernando Mendes Cunha, advogado da família, afirmou que o bandido invadiu a casa anunciando o assalto. Imediatamente, a tia e o sobrinho, com armas registradas, atiraram no assaltante, agindo em legítima defesa — o caso foi registrado desta forma.
De acordo com Cunha, a família costumava deixar o portão aberto, pois o bairro era tranquilo. “Eles reagiram imediatamente ao assalto. Na hora que [o criminoso] entrou foi uma reação instantânea”.
O caso será tratado como homicídio com a excludente da ilicitude da legítima defesa.
6. Identificação do comparsa
(À esq.) Criminosos chegando ao local e (à dir.) um deles caído no chão da sala após ser baleado, em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução
O delegado Wagner Camargo Gouveia disse que ainda não há informações detalhadas sobre a identificação ou localização do comparsa do criminoso, que fugiu após ouvir os disparos.
“É muito difícil localizar capacete, placa. Vamos ver se conseguimos alguma informação de pessoas que, às vezes, passam [a informação sobre] quem é o outro comparsa. Está muito vago ainda”, afirmou.
7. Resultados periciais
Segundo a autoridade policial, a corporação deve enviar as armas envolvidas no caso para o Instituto de Criminalística (IC) ainda nesta semana. A partir da entrega, o IC tem até 30 dias para liberar os laudos sobre os objetos – tanto as das vítimas quanto a do criminoso.
Há expectativa de que, em breve, também saia o resultado dos exames necroscópicos para revelar quantos tiros o bandido levou.
8. Por que o bandido não atirou?
Segundo as versões que tia e sobrinho apresentaram à Polícia Civil, o criminoso apareceu apontando a arma em direção deles, que reagiram. Para o delegado Wagner, eles atiraram com vários disparos logo que notaram a presença do jovem, que foi pego de surpresa e morreu.
Ele explicou que o sofá onde estava o sobrinho era grudado à mesa em que as armas ficavam. “Como é casa térrea, a janela dá para a entrada da casa e o portão estava aberto. Então, quando eles estavam sentados, viram o [criminoso] chegando”, disse.
9. Fuga lenta de comparsa
Comparsa de assaltante fugiu lentamente após ouvir os disparos em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução
As imagens de monitoramento revelaram que o comparsa do criminoso morto demorou um pouco para fugir com a motocicleta. O vídeo mostra que ele hesitou antes de dar a partida no veículo.
O delegado Wagner disse à equipe de reportagem que o homem parece ter ficado sem entender o que havia acontecido no momento em que ouviu os disparos. Talvez, por isso, tenha demorado alguns instantes para deixar o local do crime.
Porte x Posse x CAC
Entenda a diferença entre posse de arma, porte de arma e Colecionador, Atirador e Caçador (CAC).
➡️Posse de arma: Registro e autorização para comprar e ter uma arma de fogo em casa ou no local de trabalho – desde que o dono da arma seja o responsável pelo estabelecimento. Isso não autoriza a pessoa a circular com a arma.
➡️Porte de arma: Autorização para andar armado fora da sua casa ou local de trabalho. No entanto, é permitida apenas aos profissionais da segurança pública: membros das Forças Armadas, policiais e agentes de segurança privada.
➡️Colecionador, Atirador e Caçador (CAC): Autorização para colecionar armas antigas e históricas; para atiradores praticarem o tiro esportivo nos clubes cadastrados e caçadores para a prática da caça legalizada, respeitando a Lei Ambiental.
A Lei Federal 10.826/2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento, estabelece os parâmetros legais à questão do uso de armamentos. O advogado Fabricio Posocco explicou que existem penalidades previstas nos artigos 12, 14, 16 e 17 para quem tiver o porte irregular da arma de fogo.
“Essas penas, as mais básicas, variam de 1 a 3 anos [de reclusão] e multa, que é possuir ou manter a arma de fogo no interior da residência/trabalho sem que seja o responsável legal do estabelecimento até chegar na pena mais grave de 6 a 12 anos [de reclusão e multa, que é a pessoa que vende sem autorização”, disse o advogado.