São Vicente e Praia Grande estão em ranking de roubo de cargas no estado de SP, aponta pesquisa

De acordo com os dados, houve um aumento na incidência dos crimes entre 2022 e 2023 no litoral paulista. Levantamento realizado por empresa de consultoria compilou os dados públicos de segurança.

São Vicente e Praia Grande, no litoral de São Paulo, estão em quarto e quinto lugares no ranking das cidades com maior incidência de roubo de carga na cadeia logística no estado de São Paulo em 2023. Os dados fazem parte do estudo da ICTS Security, empresa de origem israelense de consultoria e gestão com inteligência em dados de segurança.

Reunindo uma série histórica de 2015 a setembro de 2023, o estudo foi conduzido por profissionais de ciências de dados do departamento de inteligência da empresa. O santista Saulo Chaves, diretor de Negócios da ICTS Security em São Paulo, explicou que a conexão multimodal, com o Porto e as indústrias em Cubatão, pode explicar parcialmente os resultados.

No ranking de janeiro a setembro de 2023, a capital paulista aparece em primeiro lugar com 47,1% dos casos de roubos de cargas, seguida por Guarulhos, com 4,9%, e Osasco, com 4,8%. São Vicente vem logo depois, com 3,1% das ocorrências e, em quinto lugar, Praia Grande, com 2,7%. Em 2022, no mesmo período, Osasco e Campinas ficaram em quarto e quinto lugares.

Aumento em um ano

O estudo revelou que São Paulo foi o estado com a maior incidência de roubos de carga em 2022, com 48,7% dos casos no Brasil. Quando combinado com o Rio de Janeiro, os dois concentraram a média de 82% dos crimes no país no período analisado.

“São dados da Secretaria de Segurança Pública que nós trazemos para dentro para criarmos um grande banco de dados. Nós temos um hub [departamento] de inteligência. Pegamos esses milhares de dados que vêm de todas as delegacias, de todo o estado. Trazemos essas informações para o hub e ele faz essa depuração. Então, são dados compilados”, explicou Saulo.

A pesquisa apontou que a maioria das ocorrências de roubos de cargas em São Paulo ocorre pela manhã, representando 46,6% dos casos, seguidos pelo período da tarde, com 25,8%, e pelas primeiras horas da madrugada, com 15,1% das ocorrências. Os episódios ocorrem com mais frequência em dias úteis.

Baixada Santista

Considerando a análise de uma taxa de variação do acumulado do ano, houve um aumento considerável do crime de roubo de carga no litoral paulista. Entre janeiro e setembro de 2022, São Vicente registrou 3 ocorrências e, no mesmo período em 2023, 130. Outros destaques são Guarujá, que passou de 5 para 79 e, Praia Grande, de 30 para 116.

“Nós temos um departamento dentro da ICTS, profissionais especialistas em análise de dados, data science […] Eles conseguem, através disso, gerar tendências… falamos até de predição. Com base na série histórica, projetamos para frente o que pode ocorrer caso nada seja feito pelas empresas, pelos órgãos de segurança pública. Então, através de métodos estatísticos, conseguimos olhar para frente”.

Dados foram compilados de acordo com a Secretaria de Segurança de São Paulo. — Foto: ICTS Security

Dados foram compilados de acordo com a Secretaria de Segurança de São Paulo. — Foto: ICTS Security

Impacto no produto final

Saulo destacou que, muitas vezes, o roubo de carga é um problema que passa despercebido. Quando as empresas têm prejuízo, isso acaba chegando ao produto final. Por isso, um dos objetivos da pesquisa é alertar a sociedade.

“O custo do frete acaba sendo mais alto, porque as empresas têm que contratar escoltas, serviços especializados de transportes. Tudo isso encarece o preço do produto final. Então, há relação do roubo de carga com o nosso dia a dia, com o cidadão comum”.

Causas

Saulo avaliou que a diferença entre os números em 2022 e 2023 é gritante e que o surpreendeu. Apenas com esses dados, segundo ele, não é possível dizer ao certo o que causou o aumento dos roubos tão expressivamente. Apesar disso, ele acredita que tenha a ver com a conexão multimodal que a Baixada Santista tem devido ao Porto de Santos e as indústrias.

“Ainda é muito incipiente, é o primeiro ano em que houve essa grande migração. Então, ainda não conseguimos correlacionar um nexo causal […] Estamos acompanhando esses números, e olhamos a sazonalidade. Como vai se comportar em 2024? Soltamos esse primeiro estudo e, a partir de agora, soltaremos estudos recorrentes para começarmos a acompanhar essas tendências”.

Em contato com a SSP para questionar sobre os números apresentados na pesquisa e aguarda retorno.

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