Márcio Ricardo Pereira Mendes foi localizado em Praia Grande (SP). Ele participava de organização criminosa que inventava crimes para extorquir dinheiro no interior paulista.
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Conhecido como ‘Ganso’, Márcio Ricardo Pereira Mendes, de 45 anos, foi preso em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo apurado, ele atuava dentro do ‘Gabinete do Crime’ e estava foragido por atuar como falso policial em uma organização criminosa, que inventava crimes para extorquir dinheiro de empresários em Indaiatuba (SP).
Formada por policiais civis, advogados, guardas municipais e servidores públicos, a quadrilha promovia operações policiais, apreendia mercadorias e forjava a ocorrência de irregularidades para forçar o pagamento de propina milionária. O Fantástico revelou o esquema.
De acordo com o Ministério Público (MP), mais de uma dezena de empresários foram vítimas. A exigência de valores variava entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões por pessoa.
Márcio foi localizado e preso, nesta segunda-feira (1), por policiais do 45° Batalhão de Polícia Militar do Interior, em Praia Grande. A equipe estava em patrulhamento quando foi informada, via monitoramento, que um homem com documentos falsos estava em um carro Jeep Renegade. Os policiais abordaram o homem que estava no veículo na Avenida Presidente Costa e Silva, no bairro Boqueirão.
Além do licenciamento em atraso desde 2021, os policiais constataram que o motorista era alvo de investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e tinha um mandado de prisão temporário expedido contra ele.
Desta forma, Márcio foi encaminhado para a Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Praia Grande, onde o caso foi registrado como captura de procurado. Além disso, dois celulares que estavam com ele foram apreendidos e deverão ficar à disposição do Gaeco, responsável pelas investigações.
Entenda o esquema
Segundo apurado pelo Fantástico, da TV Globo, o suspeito de ser o chefe da organização criminosa é Clésio de Oliveira Filho, o delegado titular do 1º DP de Indaiatuba, que funcionava como o “Gabinete do Crime”. No local, os suspeitos investigados escolhiam as vítimas e acertavam o valor da propina.
Segundo um promotor da investigação, os policiais entravam no estabelecimento alvo, “invadiam sem mandado, sem ordem judicial nenhuma”, e acusavam os empresários de crimes.
![Suspeitos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça — Foto: Arte g1](https://s2-g1.glbimg.com/tKDfizmsVrZssK-L-0c7ZFKE9NQ=/0x0:1600x900/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/I/B/JpSdYCRzafEX2TkEeS2A/whatsapp-image-2024-03-28-at-6.50.48-pm.jpeg)
Suspeitos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça — Foto: Arte g1
Em seguida, as vítimas eram encaminhadas à delegacia, onde ocorria a extorsão. Elas foram ameaçadas com acusações forjadas e participaram de uma reunião acompanhada do advogado Hélio dos Santos Júnior.
Os empresários foram recebidos pelos policiais civis André da Silva e Carla Moreira, pelo guarda municipal Jackson da Silva e por Márcio Pereira Mendes, que nem era da polícia.
“Era a Márcio ‘treme-treme’ que conduzia, mas a pessoa que mais humilhava era a Carla. Era uma cara de deboche, uma cara de humilhação como se a gente fosse qualquer pessoa na frente dela. Autoridade em cima da gente”, disse uma das vítimas em depoimento.
De acordo com o MP, 14 suspeitos formavam o “Gabinete do Crime”. Destes, 12 foram presos e contra um havia apenas mandado de busca e apreensão na Operação Chicago, enquanto Márcio estava foragido. Veja a função de cada um dos investigados:
- José Clésio Silva de Oliveira Filho, delegado da Polícia Civil
- André Luis Soares da Silva, investigador da Polícia Civil
- Carla Cristina de Souza Moreira, investigadora da Polícia Civil
- Márcio Matoso, escrivão da Polícia Civil
- Helio Ercínio dos Santos Júnior, advogado
- Rubens Groff Filho, advogado
- Marcelo Eduardo Freire Savioli, advogado
- Jackson Luiz da Silva, guarda municipal de Indaiatuba
- Afonso Lucas Trindade Fernandes (vulgo Talinho), guarda municipal de Indaiatuba
- Fábio Augusto Moraes (pastor), assessor comissionado da Secretaria de Assistência Social
- Rafaela Toledo de Almeida, assessora comissionada da Secretaria de Assistência Social
- José Abel Von Ah, fiscal da Prefeitura de Indaiatuba (alvo apenas de mandado de busca e apreensão)
- Taylor Silva Angélico, 33 anos, gerente administrativo
- Márcio Ricardo Pereira Mendes, auxiliar de escritório
A Prefeitura de Indaiatuba afirmou que abriu procedimento administrativo e afastou os envolvidos. No caso dos comissionados, o município afirmou que eles foram exonerados no dia 28 de março.