Comerciante é agredido por policial durante abordagem na frente dos filhos

Caso aconteceu em Guarujá, no litoral de São Paulo.

Um comerciante, de 38 anos, afirma ter sido agredido e xingado por um policial militar durante uma abordagem na frente dos filhos em Guarujá, no litoral de São Paulo. Imagens de câmeras de monitoramento, obtidas nesta sexta-feira (19), mostram o momento. Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que os agentes envolvidos foram afastados e serão investigados.

O caso aconteceu em frente uma peixaria na Avenida Tancredo Neves, no bairro Cachoeira. Alessandro Coelho de Oliveira é proprietário do estabelecimento e contou que estava no banheiro quando os policiais chegaram e abordaram os funcionários do local, que estavam descarregando mercadorias da van do comércio.

“Quando eu abri a porta do banheiro, um [dos agentes] veio com a arma apontada na minha cara, falando: ‘vem ladrão’”, relembrou o empresário, que respondeu ser trabalhador e o dono do estabelecimento.

Mesmo sem saber a motivação da abordagem, Alessandro obedeceu às ordens dos policiais e foi revistado. Ele explicou que tinha passado por uma cirurgia de vasectomia, por isso estava andando devagar.

“Só que eu não gostei que me chamaram de bandido, de ladrão, começaram a me chamar de cuzão. Eu falei que era trabalhador, empresário, que eu não era bandido. Mas, eles continuaram me xingando”, disse o homem.

Apesar de confrontar os agentes em relação aos xingamentos, o comerciante manteve as mãos para trás e a postura solicitada na abordagem. No entanto, um policial segurou a blusa do homem e, em determinado momento, desferiu um soco no rosto dele.

“Ele pegou na minha blusa e deu um soco no queixo”, afirmou Alessandro.

De acordo com o empresário, a cena foi vista por dois de seus filhos que estavam no local. Um deles, de 16 anos, passou a gravar a abordagem com o próprio celular e foi ameaçado pela equipe policial. Já a menina, de oito anos, ficou assustada e chegou a chorar. “Eu tinha acabado de buscá-la no ballet”, disse o homem.

Após a abordagem, os agentes foram embora sem encontrar nada ilícito. Porém, Alessandro procurou as imagens das câmeras de monitoramento, salvou o vídeo do momento e acionou um advogado para relatar o caso que aconteceu, na manhã de terça-feira (16).

Acompanhado do advogado Antônio Pacheco, o peixeiro foi até a sede do 2º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) prestar queixa sobre o ocorrido no dia seguinte. Em termo de declaração, Alessandro explicou que tinha passagem por furto em 2012, mas cumpriu a pena em 2016 e, desde então, não cometeu nenhum outro delito.

O advogado explicou que o objetivo é entrar na Justiça solicitando indenização por danos moraisAlém disso, a defesa quer que o policial envolvido responda um processo disciplinar. “O disciplinar a gente já deu início, agora a gente vai entrar com reparação civil”, explicou Pacheco.

Abordagem aconteceu em frente peixaria de Guarujá (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Abordagem aconteceu em frente peixaria de Guarujá (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Policiais afastados

Em nota, a PM informou que os policiais envolvidos “foram identificados e afastados de suas funções enquanto os fatos são investigados por meio de inquérito policial militar”. Ainda segundo a corporação, a conduta registrada nas imagens não está de acordo com os procedimentos operacionais da Polícia Militar.

“A abordagem policial deve obedecer aos parâmetros técnicos disciplinados por Lei e são padronizados por meio dos chamados Procedimentos Operacionais Padrão. Qualquer conduta em desconformidade com esses princípios e protocolos é apurada em suas esferas disciplinar e/ou penal”.

Reflexos

Alessandro contou que a filha caçula está traumatizada. “Sempre passei para ela que policial era uma pessoa boa. Mas quando eu cheguei em casa, ela falou que eu tinha mentido. Eu falei: ‘por que o pai mentiu pra você?’. Ela disse: ‘porque você falou que a polícia era do bem, mas só que a polícia é do mal, a polícia te bateu’”.

O empresário disse ainda que os funcionários da peixaria estão com medo das ameaças, bem como o filho, a esposa e a toda a família. “Nós estamos praticamente em choque. Como que eu busco peixe de madrugada, eu também tenho um certo receio”, finalizou.

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