Bebê que teve dedos decepados por extintor passa por cirurgia e amputa parte necrosada do pé

De acordo com a mãe, o menino segue internado e sem previsão de alta em Santos.

Um bebê de 1 ano e 1 mês que teve dois dedos do pé direito decepados após um extintor de incêndio cair sobre o pé dele dentro de uma creche assistencial no Morro do São Bento, em Santos, precisou passar por nova cirurgia e amputou parte do membro após os médicos terem detectado que o tecido em volta da lesão havia necrosado, que é quando ocorre a morte das células.

A mãe da criança, Daniela Lima, de 26 anos, contou nesta segunda-feira (1) que o procedimento no filho foi realizado na última sexta (28). “O pé dele estava necrosando e, como foi um corte bem exposto, e tinha um osso exposto, estava com risco de pegar infecção óssea”.

Segundo Daniela, durante o procedimento cirúrgico o médico realizou uma raspagem óssea e cortou mais um pouco do pé do filho por causa da necrose. “Ele [médico] falou que vai acompanhar a cicatrização de perto porque como ficou com necrose ainda corre o risco novamente”.

De acordo com a mãe, o bebê ficou bastante agitado por conta da dor, mas garantiu que ele está bem e estável. “[O médico] falou que vai acompanhar essa semana, ver como ele vai evoluir, [mas] não deu previsão de alta”.

Em contato com a gestora da creche Edna Souza, que informou que, até o momento, não foi notificada a prestar depoimento à polícia, e que as imagens de monitoramento da escola estão com os peritos. Já a Prefeitura de Santos disse que está em escala de plantão que atenderá apenas assuntos factuais.

Entenda o caso

Bebê de 1 ano teve dois dedos decepados após extintor de incêndio cair em cima do pé dele dentro de creche — Foto: Reprodução

A mãe da criança contou ter deixado o filho na creche Tia Edna, por volta das 7h10 de 18 de abril, e que na sequência deixou também a filha na escola ao lado. Porém, ela relatou ter sido surpreendida com uma ligação após aproximadamente meia hora. Ela foi informada sobre o acidente com o menino que, depois, doi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

“Acordei meu marido e, quando a gente estava saindo de casa, ligaram falando que ele [bebê] foi para a Santa Casa. Não imaginava a gravidade do caso. Quando cheguei [ao hospital] vi o desespero do meu filho. Eu não assimilei nada”, disse.

Daniela lembrou ter sido informada sobre o ocorrido por um médico, assim que o filho foi levado para cirurgia. O profissional contou que um extintor despencou da parede e atingiu o pé do menino, que estava engatinhando. “Arrancou [o dedo], teve dois dedos amputados e o do meio prejudicado. Na sala do berçário tinham dois extintores em uma distância mínima do tatame onde eles ficam brincando”.

A mãe disse que o acidente foi tão grave que dava para ver o osso do pé do filho. “O médico ortopedista explicou que meu filho vai ficar internado por tempo indeterminado até a cicatrização do pé. Não tem previsão de alta porque corre risco de pegar infecção, necrosar, [então] vai passar por outra limpeza cirúrgica”.

“Graças a Deus meu filho está vivo. O ortopedista falou que, se fosse na cabeça, estaria morto porque teria esmagado a cabeça dele”, afirmou.

Bebê de 1 ano tem dois dedos dilacerados após extintor de incêndio cair em cima do pé dele dentro de creche em Santos, SP — Foto: Arquivo Pessoal

‘Justiça vai ser feita’

De acordo com a mãe, a escola se solidarizou e ofereceu ajuda. “Eles poderiam ter evitado isso antes. Nada do que eles ajudarem, falarem, prestarem alguma solidariedade vai apagar meu dano psicológico, [não] vai apagar o dano físico do meu filho, o sofrimento e tudo que estou vivendo nesse momento”.

“Foi meu filho, mas poderia ser o de outra pessoa. Meu filho está vivo, mas poderia estar morto. Deixei ele perfeito e encontrei ele em uma cama do hospital, sem os dedos do pé e passando por uma situação difícil. […] as providências a gente vai procurar tomar, [mas] valor nenhum no mundo vai ressarcir, suprir e apagar tudo que nos causou”, disse.

O jornalista e pai do bebê, Kleber Santos, de 42 anos, disse que enquanto o filho estiver internado a maior preocupação será com a criança, mas que as responsáveis pela creche já estão cientes de que a ‘Justiça vai ser feita’.

“Indenização vai ter que ser dada. Não sei qual valor, mas qualquer valor que seja dado não vai por os dedos de volta no pé do meu filho. É uma marca que toda vez que eu olhar para o pé dele vou me lembrar. É uma marca eterna. A prioridade é meu filho, mas falei para ela [dona da creche] que isso não vai ficar impune, que foi negligência”, disse ele.

O que diz a escola

Em nota, a gestora da creche Edna Souza lamentou o ocorrido. “Sentimentos muito a dor da criança e de seus familiares. Justamente um equipamento de segurança, inserido na escola para resguardar vidas, nos pregou a triste peça”.

Segundo ela, o Instituto Professora Edna Souza, responsável pelo Núcleo de Recreação Infantil e Creche Tia Edna, atua no Morro do São Bento há 25 anos e jamais houve incidentes de quaisquer naturezas. “Somos uma entidade assistencial que visa cuidar, amar e educar crianças de 1 ano aos 4 anos e 11 meses”.

De acordo com Edna, a unidade tem laudos Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), certificados de habilitação de funcionamento.

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Santos esclareceu que a creche Tia Edna é uma entidade privada, que é subvencionada pelo município para atender alunos da educação infantil.

De acordo com a administração municipal, a secretaria municipal de Educação está acompanhando o caso junto à direção da creche, que garantiu o atendimento da criança e está com autorização válida para o funcionamento.

Por fim, a prefeitura disse que a fiscalização acerca dos extintores de incêndio é de responsabilidade do Corpo de Bombeiros. A corporação, no entanto, disse que é dever da administração municipal fiscalizar, pois eles apenas emitem o laudo da vistoria.

O que diz a SSP-SP

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que uma criança de 1 ano ficou ferida em um acidente, ocorrido em 18 de abril, em uma creche, no Morro de São Bento, em Santos.

O caso foi registrado como lesão corporal no 1° Distrito Policial (DP) de Santos. A responsável pelo menor foi orientada quanto ao prazo para representação criminal, por se tratar de crime de ação penal condicionada.

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