Grupo aplicou golpes em clientes de escritórios de advocacia da Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Falsos advogados ainda não foram identificados.
Um grupo de criminosos se passou por advogados para realizar golpes em cidades da Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Segundo apurado, os golpistas entraram em contato com clientes de escritórios de advocacia, cobraram honorários e pediram dinheiro para agilizar processos judiciais. Os falsos advogados ainda não foram identificados.
Em entrevista, o advogado Ângelo Mattos de Salles explicou que, assim como qualquer pessoa, os criminosos tinham acesso aos processos pela internet. Desta forma, eles ganhavam a confiança da vítima ao citar informações detalhadas da ação judicial.
“Esses detalhes levam, facilmente, a vítima crer que realmente é o advogado, o representante, que está entrando em contato”, afirmou Ângelo.
O advogado Felipe Cassimiro também teve clientes contatados pelos falsos advogados. Ele afirmou que os golpistas ganhavam ainda mais credibilidade ao usar fotos dos profissionais e logotipos dos escritórios de advocacia.
Criminosos entraram em contato com clientes de escritórios de advocacia da Baixada Santista (SP) — Foto: Reprodução
No escritório de Ângelo, em Itanhaém (SP), ao menos quatro clientes receberam mensagens dos golpistas. Eles alegavam que a vítima tinha uma indenização para receber. Mas, antes teria que fazer um pagamento para acelerar e resgatar o suposto valor disponível.
Em uma das capturas de tela obtidas, um cliente que não foi identificado agradece por ter um valor para receber. Em seguida, ele pede para ir presencialmente ao escritório. O golpista, por sua vez, alegou que não tinha horário disponível e o correto era a vítima seguir as instruções (veja acima).
Criminosos cobraram honorários e pediram pagamento para agilizar valor de indenizações — Foto: Reprodução
Já na empresa de Cassimiro, em Santos (SP), que atua na área criminal, geralmente, os clientes não recebem indenizações. Por este motivo, os golpistas entraram em contato e pediram o pagamento dos honorários atrasados — remuneração que os advogados recebem pelos serviços.
“A pessoa, de fato, pode se recordar que tem um débito e fala: ‘Me esqueci. Eu vou saldar aquilo’. Com isso, você [a vítima] alimenta o golpista porque ele precisa de informações para agir”, explicou Cassimiro, que não informou quantos clientes foram prejudicados.
O que fazer?
A orientação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é de que os clientes desconfiem de qualquer tipo de mensagem de cobrança por aplicativos de mensagem. Segundo o Presidente da Comissão das Prerrogativas da OAB Santos Enio Vasques Paccilo, esta ação não é comum nos escritórios.
“Infelizmente, é comum o processo levar muitos anos. Quando vem uma nova notícia dessa, o cliente fica esperançoso […]. É para entrar em contato com os escritórios e fazer boletim de ocorrência”, orientou Enio.
A OAB Santos, inclusive, está realizando um trabalho para mapear os contatos dos golpistas e tomar as medidas judiciais para punir os criminosos.